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Mãe de baiano morto na Espanha faz apelo no Natal

Imagem Mãe de baiano morto na Espanha faz apelo no Natal
Jovem modelo morreu com golpes de facas e mulher luta para trazer o corpo para Salvador  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 26/12/2013, às 11h05   Alessandro Isabel (Twitter: @alesandroisabel)


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5 de dezembro de 2013. Esse foi o dia que o modelo baiano Oscar Dicleidson Moraes, o Kekeo Moraes, de 22 anos, morreu após ser esfaqueado no apartamento de um padre no balneário de Blanes, em Girona, na Espanha.

26 de dezembro de 2013. 21 se passaram e Maria Cristina Moraes, 44, ainda não conseguiu ver o corpo do filho. Maria desembarcou em terras espanholas uma semana depois da morte de Kekeo e desde então ainda não obteve autorização para ver o corpo do jovem.

“Não tenho mais palavras para expressar o que estou sentindo, a dor é grande, mas o silêncio é pior ainda. Estou aqui longe de minha família e sofrendo a perda do meu filho, que ainda não consegui vê-lo. Só esperando, esperando e até agora nada foi feito. Só depois de todas as festas que vai se ter alguma noticia”, desabafa Maria.

Além da falta de informação, que ainda não tem data para ser solucionada, a mulher sofre com outro problema: o translado do corpo do jovem da Espanha para Salvador. A missão da mulher é conseguir arrecadar 7.900 euros, cerca de R$ 22 mil para realizar o desejo de velar e sepultar o filho na cidade natal.


“Só fico pedindo a Deus um milagre. Uma resposta para tudo isso, confiando que Deus vai tocar no coração das pessoas para que esse milagre aconteça e eu possa levar meu filho, e enterra-lo. É só o que quero”, garante.

O apelo é feito a todo o momento em sua página no Facebook. Maria criou uma conta para conseguir arrecadar o valor e conta com o apoio de amigos, familiares e pessoas que acompanham o caso. “Estou precisando muito da ajuda de todos vocês para que possa levar o corpo do meu filho para o Brasil. Aqui esta o numero da conta para fazer a arrecadação: Agencia 1902; operação 013; Nº 2047-6; conta poupança da Caixa Econômica Federal, em nome de Maria Cristina Carneiro de Moraes de Jesus. Qualquer quantia será de grande ajuda, Deus abençoe a todos”.



Maria também cobrou uma posição do governo em relação a morte do brasileiro fora do país. De acordo com a mulher, o descaso e falta de assistência aumenta ainda mais o sentimento de revolta.  "Até agora não tenho nenhuma decisão da Justiça. A cada dia as coisas ficam mais difíceis. E o pior de tudo é a demora para ter alguma resposta. Cadê as autoridades do Brasil? Onde estão? O que se passa que eles não tentam mim ajudar? Pelo amor de Deus fassam alguma coisa mim ajudem. Sou brasileira o meu filho também era. Ele só queria uma chanse na vida, não teve muita sorte, onde voçês estão na hora que se precisa? Por favor faça alguma coisa pelo translado do corpo do meu filho", concluiu.

O CASO - A promessa de uma carreira promissora. Esse foi o motivo que levou o modelo fotográfico soteropolitano Oscar Dicleidson Moraes, o Kekeo Moraes, de 22 anos, a deixar a família no bairro Sete de Abril, periferia de Salvador, para viver no balneário de Blanes, em Girona, na Espanha.

O jovem vivia há quatro anos em terras espanholas e teve o sonho interrompido, no último dia 5 de dezembro, quando foi assassinado com golpes de faca no apartamento do padre Jaume Reixach, o mesmo que o levou ao país europeu sob a garantia de ter um futuro promissor na carreira de modelo.

O autor dos golpes é um filipino identificado como Eulogio Sun Lumalang, 44, que foi preso na mesma noite do crime próximo da residência onde morava. Para a polícia, ele disse que mantinha relações sexuais com o padre e ciúmes do envolvimento do jovem com o pároco pode ter motivado o crime.

Depois de saber da morte do filho, Maria Cristina, embarcou para a Espanha e desde então luta para conseguir ver o corpo do jovem. A segunda missão da mulher é arrecadar 7.900 euros, cerca de R$ 22 mil para trazer o corpo para ser velado e sepultado na capital baiana.

Muito abalada, Maria contou com detalhes como Kekeo foi parar na Espanha. “Ele conheceu o padre no Carnaval de Salvador e veio logo o convite para viajar. A promessa era que em um ano ele conseguiria o visto permanente para permanecer no país e trabalhar como modelo, mas não foi o que aconteceu”.

“Fomos enganados pelo padre. Meu filho veio para a Espanha e desde então permaneceu de forma ilegal. Ela era escravizado. Lavava, passava, fazia de tudo por um prato de comida e teto. Não tinha dinheiro para retornar ao Brasil e deve voltar dentro de um caixão”, desabafou para a reportagem do Bocão News.

Segundo reportagem do jornal “El País”, o filipino disse ter matado o brasileiro por ele dizer que sua mulher e sua filha participavam de orgias na casa do padre. Eulogio Sun Lumalang também teria sido trazido à Espanha pelo padre e afirmou que tinha relações sexuais com ele por dinheiro.

O padre negou manter qualquer tipo de relaçãocom o acusado e com o brasileiro, mas o “El País” revelou que livros e CD de pornografia gay teriam sido encontrados no apartamento onde o crime aconteceu.



Oscar era noivo de uma jovem espanhola e pretendia se casar. Maria permanece na Espanha até o dia 11 de janeiro. O Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso e tem dado assistência à família.

Segundo o Itamaraty, não há previsão legal de que o órgão providencie o transporte do corpo. O acusado permanece preso. A igreja que abriu um processo para investigar as acusações. Ele pode ser expulso.

“Espero que a justiça seja feita e faço um apelo para quem puder nos ajudar a levar o corpo para Salvador iremos agradecer. Só queremos um enterro digno para um jovem que era exemplo de dignidade e só queria dar um futuro melhor para a família”.

Classificação Indicativa: Livre

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