Especial

468 anos: pontos turísticos revelam uma Salvador de contrastes

Publicado em 28/03/2017, às 23h10   Diego Vieira e Brenda Ferreira


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Nesta quarta-feira (29), Salvador acordou mais velha. Cercada de incríveis belezas naturais, a capital baiana completa 468 anos de história. Notada pela sua riqueza cultural, gastronomia, música e arquitetura, a cidade também é conhecida pelos os seus pontos turísticos emblemáticos. Seja o Farol da Barra, Elevador Lacerda, Mercado Modelo ou o Pelourinho, o que não falta, são locais mágicos que embelezam ainda mais a primeira capital do Brasil. 
Com tantos cartões postais, fica fácil notar as diversas mudanças sofridas nas atrações turísticas espalhadas pela cidade. E não é preciso andar muito para se deparar com essas transformações. Quem passa pelos bairros do Rio Vermelho, Barra, Itapuã ou no Passeio Público percebe o quanto esses locais mudaram.
Pensando nisso, a reportagem do Bocão News separou alguns dos principais pontos turísticos da capital baiana para mostrar benefícios e malefícios apresentados pelos locais nesses 468 anos. 
Farol da Barra
Em 1501, durante a primeira expedição exploradora à América Lusitana, os portugueses aportaram na Barra, negociaram com os índios e instalaram seu padrão de posse no local. Nele, foi construído o Forte de Santo Antônio da Barra e, em seu interior, um farol. O Forte de Santo Antônio da Barra, foi o primeiro do Brasil.
O conjunto do Forte e seu Farol transformou-se em um dos mais conhecidos cartões postais do Brasil. É administrado pela Marinha, abriga também o Museu Náutico da Bahia, um bar e biblioteca.
Até os dias atuais, o ponto turístico é frequentado por milhares de baianos todos os finais de semana e, em fevereiro 2014, passou por uma obra de requalificação que beneficiou mais de 600 metros da Avenida Oceânica. Paisagismo, instalação do mobiliário urbano e da iluminação em LED foram uma das novidades apresentadas pelo prefeito de Salvador.
A nova orla da Barra já recebeu diversos eventos como shows, apresentações de teatro, o tradicional Carnaval, além de servir como área de lazer para famílias e crianças que brincam com suas bicicletas, patins ou skates. 
Apesar das melhorias, há quem diga que o ponto turístico ainda deixa a desejar. As principais queixas, segundo o presidente Associação de Moradores e Amigos da Barra (Amabarra), Waltson Campos, são: a falta de segurança à noite, a falta de ordenamento, venda de bebidas alcoólicas para jovens e a grama do Farol da barra que está destruída por causa da quantidade de pessoas que pisam com frequência. 
Em nota, o órgão responsável pelo gramado danificado, a Secretaria da Cidade Sustentável (Secis), informou que a manutenção do gramado do largo do Farol da Barra é feita periodicamente. Ainda segundo a Secis, o grande fluxo de pessoas que frequentam o local contribui para a danificação em um curto período de espaço. A secretaria também acrescentou que não pode cercar o local, por se tratar de um ponto turístico. 
Orla de Itapuã
Na década de 50, Itapuã era apenas uma colônia de pescadores em uma região afastada do centro de Salvador. A parte mais antiga do bairro é onde se encontra a estátua da Sereia de Itapuã, monumento construído pelo artista plástico Mario Cravo em homenagem aos pescadores e aos elementos que identificam o mar.
Eternizada por Vinicius de Moraes e Toquinho, Itapuã simboliza um dos locais mais belos, queridos e mágicos de Salvador e ganhou uma nova cara. Em 2015, Itapuã e a vizinha Piatã ganharam uma orla requalificada. As obras foram realizadas dentro do projeto Nova Orla, que conta com a participação de diversos órgãos municipais.
Foram feitas ainda reforma e manutenção de vagas de estacionamento, instalação de quadra poliesportiva, espaço de eventos para pequenas apresentações, parque infantil, área de ginástica e quiosques para coco e lanches. Principalmente aos domingos, o ponto é marcado pela presença da população que aproveita ainda para pegar uma praia. 
Passeio Público
O passeio Público foi inaugurado em 1810 pelo 8º Conde dos Arcos, Dom Marcos de Noronha e Brito, então governador da Bahia (1810 – 1918). 
O obelisco de forma piramidal, em mármore português, foi inaugurado em 1815 para comemorar a passagem do príncipe regente (Dom João VI) e da família real portuguesa por Salvador em 1808. 
O local estava vandalizado, com estátuas destruídas e pichações. Desde a sua reabertura em setembro de 2015, o complexo arquitetônico-histórico do Passeio Público e do Palácio da Aclamação se tornou um dos principais locais de eventos e atividades artístico-culturais e de lazer de Salvador.
Foram realizados no Passeio, Restauração das estátuas e esculturas, Limpeza e recuperação de fonte de mármore de Carrara/Itália, pinturas de todos muros do entorno e edificações, além de Paisagismo, Plantio de árvores, flores, arbustos e parceria com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia e Polícia Militar para melhorar a segurança no local. 
Parque da Cidade
Antigamente, o território do parque pertencia a Manoel Dias da Silva, que deixou de herança para Joventino Pereira da Silva, e fazia parte da antiga Fazenda Pituba.
Na década de 1970, Joventino Silva doou à Prefeitura a área do Parque, com cerca de 1,4 milhão m², por causa da urbanização que acontecia no bairro da Pituba. Então em 30 de outubro de 1973, foi criado o Parque da Cidade Joventino Silva, que foi inaugurado somente em 1975.
Depois de várias intervenções feitas pela Prefeitura Municipal de Salvador, o Parque da Cidade foi completamente reurbanizado e entregue à população em 2016. O local ganhou novos equipamentos, espaços e infraestrutura, além de mais segurança. Atualmente, aos finais de semana, famílias aproveitam para se reunir e levarem suas crianças para aproveitar o dia. 
Rio Vermelho 
O Rio Vermelho tem sua história iniciada no século XVI, com o naufrágio de Caramuru ao seu território. Aqui viviam os tupinambás e Caramuru foi o elo de comunicação entre os nativos e os europeus. Inicialmente, a região tinha poucos habitantes com uma paisagem de currais, armação de pesca e jesuítas. Com a invasão holandesa de 1624, muito moradores vieram para o Rio Vermelho, pela distância do local invadido. 
Atualmente, o bairro é conhecido por ser boêmio com seus bares e casas de shows para um público mais alternativo. Além dos largos da Mariquita e de Dinha, que são um grande atrativo para a população e turistas. 
Em 2016, o trecho de orla entre o Quartel de Amaralina e a Praia da Paciência foi requalificado. O bairro ganhou nova pavimentação, iluminação, paisagismo, implantação de piso compartilhado e de galerias subterrâneas de serviços de energia e telecomunicações.
Embora todas essas reformas tenham se tornado um ponto positivo para uma parte da população, os moradores do bairro não se mostraram satisfeitos com as mudanças. Na época da inauguração da primeira parte da obra, moradores organizaram um ato público para pedir a abertura do projeto e a interrupção das obras na região. Entre as reivindicações estavam a falta de diálogo com a Prefeitura e informações sobre as obras. 
Sem motivos para comemorar
No entanto, nem tudo é razão para festa. Apesar das modificações e melhorias realizadas nesses locais, alguns cartões postais e áreas de lazer de Salvador sofrem com o esquecimento. Obras intermináveis, problemas estruturais, falta de manutenção e interdições fazem os baianos e turistas esquecerem até mesmo da existência dessas atrações turísticas. Confira:
Forte de São Marcelo
Localizado no meio da Baía de Todos-os-Santos, o Forte de São Marcelo nasceu como um baluarte de forma triangular, construído em madeira, no início do século XVII, sobre um arrecife, na entrada do porto de Salvador. Um dos monumentos mais importantes do ponto de vista histórico, turístico e arquitetônico da Bahia, está fechado para visitação desde 2011. 
Em 2014, o local passou por obras de restauração nas fundações, estabilização da estrutura, além de recuperação e conservação dos ambientes, tendo sido investidos cerca de R$ 7,5 milhões. Apesar da obra ter sido concluída em outubro de 2016, a atração turística continua fechada.
De acordo com informações doInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um diálogo com a prefeitura está sendo realizado para definir como o equipamento será utilizado. Ainda segundo o órgão, um debate mais aprofundado sobre a gestão dos fortes brasileiros será promovido ainda este ano, definindo-se o melhor modelo de gestão possível para o forte e possibilitando sua reabertura.
Aeroclube 
Quem não se lembra do centro comercial localizado na Avenida Oceânica, no bairro da Boca do Rio, em Salvador?
Inaugurado em 21 de outubro de 1999, o Aeroclube foi o primeiro shopping soteropolitano ao ar livre, no entanto, entrou em decadência comercial e diversos processos judiciais. Em maio de 2014, o empreendimento começou a ser demolido para dar lugar a um novo shopping center, o que não ocorreu. 
Atualmente cercado por tapumes, o local passou a ser alvo de criticas de moradores e frequentadores da região. "Isso é um absurdo. Moro aqui perto e preciso conviver com esse descaso total. Isso aqui se tornou ponto para criminosos que agem livremente na orla. A prefeitura precisa se atentar com urgência a situação do Aeroclube", disse Magnólia Silva, moradora da bairro de Armação.
Em nota, a Casa Civil da prefeitura de Salvador informou que na área do Aeroclube está prevista a construção de um parque público. Ainda segundo a nota, com a intermediação do Ministério Público, o Consórcio Parques Urbanos apresentou o projeto de construção de um shopping e do parque público previsto no contrato. Entretanto, o consórcio tem alegado dificuldades de implementação do projeto em razão do cenário econômico restritivo.
A Casa Civil ainda informou que o consórcio já foi notificado sobre o cumprimento dos compromissos e prazos assumidos e, no momento, a prefeitura está analisando a defesa apresentada.  
Parque do Abaeté
Situado no bairro de Itapuã, em Salvador, o Parque do Abaeté foi criado em 3 de setembro de 1993 para proteger um dos principais cartões-postais da cidade, a Lagoa do Abaeté, que estava sofrendo um processo de degradação ambiental. Inserido na Área de Proteção Ambiental das Lagoas e Dunas do Abaeté, o parque já foi ponto de encontro para famílias e grupos de amigos que frequentavam o local para fazer caminhadas pelas dunas ou reunir-se nos diversos bares e restaurantes. No entanto, hoje a realidade é outra. Quem trabalha ou ainda frequenta o ponto turístico reclama do abandono do local.
"Isso aqui se tornou um lugar esquecido. Sofremos com a falta de público, os turistas malmente veem aqui. Antigamente nos fins de semana o Abaeté ficava lotado, mas hoje a realidade é totalmente diferente. Bares vazios, até mesmo nos finais de semana. Turista nenhum faz mais questão de conhecer o Abaeté e isso é resultado do abandono. Todas as vezes que inicia uma obra, meses depois para. Já passou da hora dos governantes acordarem para cuidar desse lugar. O Abaeté pede socorro", desabafou Nanci Alves, vendedora ambulante que trabalha na região. 
Em contato com a reportagem, a diretora administrativa e financeira do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Daniella Fernandes, informou que 98 funcionários, divididos em agentes de limpeza, seguranças e servidores administrativos, garantem o funcionamento do Parque do Abaeté.
Ainda segundo a diretora, ações para melhoria da iluminação e banheiros foram realizadas recentemente. Além disso, a construção de vestiários para os funcionários e reforma e ampliação do parque infantil estão previstos para os próximos meses. Em relação a interrupção das obras, o Inema informou que a execução é de responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). 
Por sua vez, a Conder garante que parte dos serviços previstos já foram realizados, como as reformas da quadra de esportes, dos sanitários, da cobertura e revestimento do centro de atividades, além da pavimentação em pedra portuguesa. 
"Os serviços complementares ainda pendentes, incluindo a recuperação da iluminação pública e a implantação de uma estação elevatória para garantir o esgotamento sanitário, serão objeto de uma nova contratação, pois está sendo encerrado o contrato com a construtora que trabalhava no local", diz a nota. 
Parque Metropolitano de Pituaçu
Localizado no bairro de Pituaçu, o Parque Metropolitano de Pituaçu é a maior área verde de uso público de Salvador. Um dos principais pontos da cidade com remanescentes de Mata Atlântica o local é fonte de lazer e turismo com sua fauna e flora diversificadas, além da beleza da Lagoa de Pituaçu.
Frequentado por baianos e turistas para a prática de esporte e lazer, a atração vem sofrendo com problemas de poluição e degradação de equipamentos. Os frequentadores reclamam da falta de manutenção da quadra de esporte, área de ginástica, ciclovias, quadra de skate, bancos dos quiosques e banheiros, além da insegurança.
Em contato com a reportagem, a diretora administrativa e financeira do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Daniella Fernandes, informou que já existe um projeto de requalificação para o parque e que o mesmo está em fase de encaminhamento para o processo de licitação.

Ainda segundo a diretora, o projeto contempla a restauração da ciclovia, quadras, iluminação, pier e bicicletário, além da instalação de um sistema de videomonitoramento nas principais extensões do espaço e rotas acessíveis para deficientes. No entanto, ainda não há previsão para início das obras.

Parque Costa Azul
Construído em 1995, o Parque Costa Azul está localizado junto à orla, às margens do Rio Camarajipe. Composto por quadras esportivas, equipamentos para exercícios físicos, playgrounds com bicicletários, ciclovias, pista de cooper, calçadões e anfiteatro ao ar livre, o local se tornou alvo de criticas. Os moradores da região e frequentadores do espaço, reclamam também da falta de manutenção dos equipamentos, pichações, insegurança além do fechamento dos restaurantes que existiam no local.
Em nota,  a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) esclareceu que segue executando os serviços de manutenção, limpeza e vigilância patrimonial da área do Parque Costa Azul. Além disso, o órgão afirma que não está sob sua responsabilidade os problemas relacionados à falta de iluminação pública e segurança. 
A Conder ainda esclarece que os espaços que anteriormente sediavam restaurantes passaram a ser ocupados provisoriamente por unidades administrativas da Companhia, até a definição pelo Governo do Estado (Bahiatursa) de uma nova utilização para a área.

Classificação Indicativa: Livre

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