Denúncia

Portadores de DPOC denunciam que falta de remédio está causando mortes na Bahia

Publicado em 10/08/2017, às 07h00   Shizue Miyazono


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Os portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) estão sofrendo com a fata de medicamentos para o tratamento da doença na Bahia. A denúncia foi feita ao BNews pela Associação Bahiana dos Portadores de DPOC. O presidente, Gilberto Teodoro Dias, que também tem a doença, contou que a falta desses remédios está causando até morte. "Muitas pessoas estão morrendo por falta desses medicamentos, que são caríssimas e muitas pessoas não têm condições de comprar".

A DPOC é a obstrução da passagem do ar pelos pulmões o que pode interromper a respiração de vez ou dobrar o risco de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Na Bahia, segundo o médico Guilhardo Fontes Ribeiro, que atende pacientes de DPOC no Hospital Santa Izabel, em Salvador, são cerca de 300 mil pessoas que sofrem da doença, mas, de acordo com o médico, o número pode ser bem maior, já que grande parte não é diagnosticada e não é tratada.

Segundo Ribeiro, a situação dos portadores da doença piorou muito nos últimos seis meses com a retirada de alguns medicamentos da lista de remédios disponibilizados pelo governo. Ele explicou que existem vários tipos de DPOC e os pacientes não podem ser tratados de forma igual e, hoje, existe apenas um remédio para todos os portadores. "É como se eu pegasse um sapato 37 e desse para todo mundo usar".

"Hoje só temos um remédio, que é muito bom para quem tem asma associada à DPOC, mas os remédios mais potentes, os broncodilatadores de ação prolongada, eles tiraram. O único que tinha (Spiriva) eles tiraram e os novos não acrescentaram", afirmou o médico.

Segundo Ribeiro, no inverno, com o aumento das infecções respiratórias, o quadro dos pacientes está se agravando e não há remédios para o tratamento. "A gente está sem medicação, vivendo apenas de amostras grátis que eu levo para o Santa Izabel. A dificuldade tem sendo muito grande, porque o governo restringiu as medicações potentes para o controle do DPOC".

O médico lembrou que os remédios são muito caros, custam em torno de R$ 100, R$ 150 e os pacientes não conseguem comprar o medicamento, o que está aumentando os casos de internamento e levando mais pacientes para a emergência, o que acaba, segundo Ribeiro, saindo muito mais caro do que se o Estado comprasse os remédios adequados.

"Para esses pacientes que são de baixíssimo nível social, abaixo da linha da pobreza, muitos deles não tem nem o transporte para ir (ao hospital), eles são muito pobres, não tem a mínima condição de comprar o medicamento".

Procurada pela reportagem, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) afirmou que a medicação Spiriva está em falta, mas “cabe aos profissionais médicos substituir por outras medicações disponíveis na rede SUS para o tratamento dos pacientes com DPOC”.

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