Denúncia

Tenho medo que ele me mate, diz homem agredido por guarda municipal na ACM

Publicado em 23/09/2016, às 13h48   Adelia Felix


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Na tarde da última quinta-feira (22), o administrador Marcelo Dias pretendia encontrar a esposa em um hospital da capital baiana para juntos descobrirem o sexo do bebê, quando os planos foram interrompidos. Em entrevista ao Bocão News, ele relata que em um dos trechos da Avenida Antônio Carlos Magalhães teve seu carro atingido por uma viatura da Guarda Municipal.
“Estávamos no Itaigara, quando a sinaleira abriu ele acelerou e acabou batendo no retrovisor do meu veículo e atingiu também a lateral. Mais adiante eu encostei o carro, abri a janela e falei para ele ‘quando o senhor foi fazer a curva, não sei se percebeu, mas acabou batendo em meu carro’. Ele já veio xingando, falando vários palavrões”, lembra.
Ainda de acordo com Marcelo, apesar de ter sido agredido verbalmente pelo guarda municipal, ele tentou dialogar. “Desci e disse para ele 'enquanto cidadão sei que tenho direito a fazer uma ocorrência'. Quando falei isso, ele sacou a pistola, voltou a xingar e me deu um soco”, detalha.
Marcelo conta também que em um dos momentos teve seus documentos recolhidos e chegou a ser ameaçado. “Além dele, haviam mais dois guardas na viatura. Uma guarda foi verificar meus documentos. Diante da situação, eu disse que não queria mais fazer ocorrência nenhuma. Expliquei que estava indo para o hospital encontrar minha mulher que estava grávida. Mas ele voltou agressivo e disse ‘entre logo no carro para eu não lhe matar’. Eu entrei, ele mandou colocar o cinto, eu fiz isso e depois ele me deu um murro novamente”.
A reportagem teve acesso a um vídeo que mostra um dos momentos da agressão. Em outro vídeo populares e taxistas tentam interferir em favor de Marcelo. “Um extremo despreparo, descontrole, deplorável. Não estou generalizando, nem todos são como ele. O cara está ali para zelar pelo patrimônio, e em vez de fazer isso ele abusa do poder, do porte de arma que tem. Eu queria agradecer aos taxistas e populares que me ajudaram. Teve uma pessoa que chegou a falar ‘sua sorte é que você é parmalat e está no Itaigara num horário com muita gente presente’”, conta.
O guarda municipal que aparece nas imagens agredindo Marcelo foi identificado como George Santos Viana. Após a repercussão do ocorrido, por meio de nota enviada para imprensa nesta sexta-feira (23), a prefeitura de Salvador informou que George “está afastado das ruas até a conclusão do processo administrativo que pode resultar na expulsão do servidor dos quadros da corporação”. 
Através da Corregedoria, a Guarda Civil Municipal já instaurou processo administrativo para apurar o ocorrido. “A prefeitura não vai tolerar que atos violentos sejam cometidos por qualquer servidor ou colaborador, e que atitudes como essa serão punidas de forma exemplar, respeitando o amplo direito de defesa”, diz trecho do comunicado.
Ainda durante entrevista, Marcelo relata que teme pela própria vida: “afastado é pouco para uma pessoa dessa. Ele deixa de vestir a farda, mas em casa ele pode ter um revólver, ele pode praticar outras atitudes como essa. Ele pode ir até minha casa e tentar me matar. Tenho medo que me mate. Minha esposa passou mal, foi medicada. Ficamos assustados com tudo isso”.
Após a agressão, o administrador prometeu acionar a Justiça. “Eu vou tomar as medidas cabíveis para que isso não ocorra com outras pessoas. Ele não policial, é um civil. Se eu não tomar nenhuma providência esse caso vai cair no esquecimento. A Guarda Municipal vai continuar tendo esses caras despreparados. A população merece ter tranquilidade para andar nas ruas”, finaliza.
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