Um internauta denunciou um suposto caso de racismo e violência que teria sido cometido por seguranças do Salvador Shopping, na capital baiana, no dia 25 de junho deste ano. De acordo com relato publicado em rede social, no início da tarde, uma grande quantidade de seguranças na praça de alimentação do estabelecimento deixou alguns clientes no local assustados.“Assim que chegamos vimos algo estranho, eram mais de 20 seguranças na praça, todos posicionados em pontos estratégicos. Fomos até o restaurante e pedimos uma refeição, aproveitamos e perguntando por que aquilo tudo. A resposta da atendente foi exatamente essa: ‘estão esperando os adolescentes chegarem’. Era impossível ficar em paz naquele ambiente, parecia que a qualquer momento iria começar uma guerra. Seguranças mal-encarados para todos os lados, alguns minutos depois eu vi seguranças espantando jovens de algumas mesas da praça de alimentação, mas até ai não fiz nada, vi essa cena se repetir algumas vezes”, lembra.
De acordo com a publicação, após alguns minutos de tensão, três jovens foram abordados de forma desrespeitosa pelos seguranças do shopping. “Vi três jovens andando e de repente seguranças os cercaram de forma estranha. Fiquei olhando para a cena, e em poucos segundos vi um dos jovens sendo puxado, e agredido pelos seguranças. Ali mesmo, na frente de todos, no meio da praça de alimentação de um shopping”.
O internauta ainda conta que ficou revoltado diante da cena e decidiu tomar uma atitude. “Na mesma hora peguei meu celular e levantei, comecei a questionar o que estava acontecendo ali, e comecei também a filmar. Seguranças partiram para cima de mim tentando impedir que eu os filmassem, tentaram tirar o celular de minha mão, aos gritos diziam ‘não lhe dou direito de imagem’. Os seguranças totalmente despreparados só pararam de tentar impedir a filmagem quando perceberam que eu estava com minha mãe e vó, e depois de fazer um escândalo. O jovem foi deixado de lado, eu parei de gravar. Achamos que os ânimos iriam se acalmar”, detalha.
E continua: “em menos de um minuto eu vi uma nova aglomeração em volta do mesmo garoto, agora perto da entrada do banheiro, um lugar mais longe das mesas, para que as pessoas não pudessem ver, novamente peguei meu celular, levantei e fui até lá, foi quando pude me aproximar mais do garoto, percebi que estava com o braço cortado e sangrando, coluna machucada e camiseta rasgada. Um representante do shopping veio agressivamente conversar comigo, alegou que o jovem tinha colado uma moeda com cola na mesa do shopping, o jovem negou, pedi para ver a tal moeda, enrolaram e não me mostraram... Exigimos que o jovem fosse deixado em paz, que pudesse sair daquele cerco de seguranças que o impediam de sair de um beco que dava acesso ao banheiro, os seguranças disseram que iriam chamar a polícia, um até zombou e gritou ‘me denunciem se quiser’. Depois de muito protestar, gritar, filmar e reclamar, o jovem e seus dois amigos que também estavam com ele foram liberados do tal beco e os seguranças dispersaram-se”.
A testemunha relata também que após toda confusão, os três garotos voltaram para as mesas da praça de alimentação e continuaram interagindo com os outros amigos adolescentes, mas não demorou muito para a Polícia Militar chegar ao local. “[Os policiais] barraram um dos garotos, o levaram até uma parede e brutalmente o revistaram, peguei meu celular e comecei a filmar, nesse momento um outro policial me chamou e disse ‘apague isso ou vou te levar preso agora’. Eu apaguei, ele disse que eu não tinha apagado e pediu para ver, mostrei, e depois disso o policial ficou me encarando. Depois de descobrirem que dois dos três jovens eram menores de idade, resolveram levar só o jovem principal que foi agredido, já que ele era de maior, junto com os seguranças do Shopping Salvador que olhe só, faziam questão de ir, pois alegavam que foram agredidos. Eram homens de dois metros de alturas, fortes, e foram agredidos por um jovem franzino, eu presenciei tudo desde o começo, isso não aconteceu”, garante.
O homem que afirma ter presenciado todo o fato conta que trocou o contato telefônico com os jovens, pois queriam prestar assistência jurídica. “Ligamos e descobrimos que o delegado liberou todos e alegou não haver provas contra o garoto, a delegacia estava cheia, resumindo: ninguém ligou para o jovem machucado. Os três jovens coagidos no shopping eram negros e pobres, haviam diversos outros adolescentes brancos e com roupas de marca, mas quem foi agredido vocês já sabem”.
Ao Bocão News a assessoria do estabelecimento informou que os seguranças foram vítimas, e não agrediram nenhum dos jovens. Em nota, a assessoria afirmou que “infelizmente, muitos dos grandes centros comerciais estão enfrentando, durante o final de semana, alguns movimentos de jovens fora do indicado para um ambiente que é de uso público e que deve ser bem utilizado por todos”.
Além disso, acrescenta ainda que “ao tentar impedir que um grupo aplicasse brincadeiras de mau gosto nos demais clientes que transitavam no local, um segurança foi hostilizado. O jovem reagiu de forma inadequada e agressiva e precisou ser contido. Para melhor acompanhamento e total isenção na apuração dos fatos, o caso foi levado ao conhecimento da autoridade policial e registrado na 16ª Delegacia”.
