Cultura

Brésilien En Paris: cineasta baiana fala sobre Festival que traz Copa e Ditadura

Imagem Brésilien En Paris: cineasta baiana fala sobre Festival que traz Copa e Ditadura
Na sua 16ª edição, concorrem Caboclo Faroeste, Cidade de Deus - 10 anos depois, entre outros   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 01/04/2014, às 12h20   Caroline Gois (Twitter: @goiscarol)


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Direto de Salvador para a Europa. A jovem de 25 anos, Flávia Sampaio, cujo nome já circula entre as principais editorias de cultura do país, contribui em mais um ano para a 16ª edição do Festival Brésilien En Paris. Desde que deixou a capital baiana há quase sete anos, saindo do bairro da Vila Laura para estudar Cinema e Audio visual em Sorbonne, a cineasta com especialização em montagem pelo Conservatório de Cinema de Paris leva a cultura do Brasil para o mundo. "Tudo começou em 2009 quando eu fui voluntária pela primeira vez no festival. A experiência foi incrivel e então eu não parei mais de colaborar com o festival. A diretora do festival, Katia Adler, é hoje uma grande amiga e eu faço questão de todos os anos ajudar ao festival mesmo que timidamente, porque para mim é um evento muito importante", afirmou.
Sobre a importância do festival, Flávia Sampaio acredita que o evento é uma janela para as produções  cinematograficas brasileiras. "Paris é o coração cultural do continente. O cinema brasileiro é ainda desconhecido aqui, então é uma oportunidade de divulgar nossa cultura, de trazer os diretores do Brasil, promover debates e mostrar que a gente tem uma produção local ativa apesar das dificuldades", afirmou.  


O evento que acontece de 1º a 8 de abril, vai falar da Ditadura e da Copa do Mundo. Em ano de festa na terra do futebol, no qual se relembra também meio século do golpe militar, "estes temas tão explorados pela cinematografia brasileira poderão ser apreciados nesta edição, seja pela reapresentação de filmes icônicos como 'O ano que meus pais saíram de férias' e 'Pra Frente, Brasil!', seja pela costumeira apresentação da produção recente de 2012/2013, tal como Looking for Rio, filme de Eric Cantona que visitou os quatro maiores clubes cariocas de futebol, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo", avalia o embaixador do Brasil na França, José Maurício Bustani, em postagem feita no site oficial do evento.
Para a cineasta baiana, a escolha dos temas projetam a imagem do Brasil sem ligar aos estereótipos.  "Esse ano é a copa do mundo, então claro o futebol não poderia ficar de fora, mas ela fez o link com a ditadura que é uma parte muito importante da historia do Brasil. é bom poder mostrar o que o Brasil é realmente, que a gente é muito mais que samba e futebol ! Muitos franceses nem sabem que teve uma ditadura no Brasil, e eu acho genial esse lado revelador que o festival tem", pontuou.
No ano passado, o filme Juan e a Bailarina do diretor Raphael Aguinaga foram os ganhadores. Este ano, nove filmes estão concorrendo à premiação e o público faz a escolha. Por isso, de acordo com Flávia, os critérios de avaliação de cada produção são bem variados. 
Entretanto, como todo grande evento cultural a participação de um patrocinador é a motivação para que estas produções sejam realizadas. Ainda que sendo um festival na França, um dos patrocinadores é baiano. O sócio da BahiaCril, Danilo Sampaio, que é irmão de Flávia, registra a marca junto ao evento. Não só acreditando no talento e na importância do trabalho realizado pela caçula, Sampaio afirmou ao Bocão News que "contribuir com a disseminação e o fortalecimento da nossa cultura em outro continente, além disso valorizar o trabalho competente de Brasileiros, como o da cineasta Flávia Sampaio", estão entre os motivos que o fez patrocinar o evento internacional.  Flávia fez questão de elucidar que "tudo que é relacionado a cultura é muito dificil de ser produzido, então eu acredito que toda ajuda é mais que bem vinda. A Katia se esforça muito todo ano para realizar esse festival no formato que ele tem, porque é um grande evento", reforçou. O Festival conta também com a ajuda do Governo Federal e do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Mas, ainda que de outro continente e contando as horas para o Festival, Flávia revelou ao Bocão News as perspectivas e novidades para o mercado cinematográfico.  "O cinema brasileiro ainda é pouco conhecido aqui, mas ultimamente tem alguns filmes sendo vistos aqui. Aqui em Paris tem salas que dedicam sua programação a filmes latino americanos e ultimamente eu tenho visto muito filme de Recife ( O som ao redor acabou de sair aqui em sala). Mas ainda tem muito a ser feito", contou.
Com vontade de voltar ao Brasil um dia e reafirmando sempre o amor pelo país, a intimidade da baiana com a arte de fazer cinema é notória e logo difundida por ela. "Fazer cinema é um privilegio, é poder exteriorizar tudo que temos de mais intimo, é poder observar o mundo ao redor, é poder unir todas as artes em uma so ! Ao mesmo tempo é uma industria muito importante que movimenta muito dinheiro no mundo todo, então para mim é também encontrar um equilibrio entre esses dois universos : a arte e o business", analisou.
Atualmente, a baiana trabalha para uma série do canal de televisao franco-alemão ARTE sobre o Brasil e finalizou a escritura de um roteiro de curta metragem que pretende filmar no Sertão no meio do ano. Com tanto projeto à vista e com um Festival que promete esquentar a Europa, Flávia irá conseguuir em breve fazer jus ao que já planta com o trabalho realizado lá fora. "Fazer o cinema e a cultura brasileira ser mais conhecida aqui", aposta.

Da esquerda para à direita: Flávia Sampaio e Katia Adler
No Festival serão exibidos mais de 30 filmes. Na abertura serão exibidos o longa Serra Pelada (Heitor Dhalia, 2013) e o documentário Looking for Rio (Emmanuel Besnard e Gilles Perez, com a colaboração de Eric Cantona e Gilles Rof, 2014). Cidade de Deus – 10 anos depois (Caio Borges e Luciano Vidigal, 2013), Faroeste Caboclo (René Sampaio, 2013), O ano em que meus pais saíram de férias (Cao Hamburguer, 2006), Cabra Marcado para Morrer (Eduardo Coutinho, 1984) e Linha de Passe (Daniela Thomaz e Walter Salles, 2008) estão entre os filmes da mostra. Para o encerramento está previsto Democracia em Preto e Branco (Pedro Asbeg, 2014). Em vários dos filmes estarão presentes diretores e produtores. Ele acontece no Cinéma Arlequin.
Para conferir a programação completa e acompanhar o Festival, ao vivo, clique aqui.

Classificação Indicativa: Livre

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