Cidades

Adolescentes continuam foragidos após serrarem grade da Case Salvador há 12 dias

Publicado em 28/10/2016, às 12h40   Vinícius Ribeiro


FacebookTwitterWhatsApp

Doze dias se passaram e até então nenhum dos treze adolescentes que fugiram da Comunidade de Atendimento Socioeducativo (Case/Salvador), em Tancredo Neves, foi recapturado. De acordo com o que foi relatado pelos agentes da unidade, o grupo serrou uma grade do banheiro para deixar a instituição, por volta das 23h do dia 16 de outubro, um domingo.
Segundo o Sindicato dos Agentes Disciplinares Penitenciários e Socioeducadores (Sindap-BA), a situação reflete descaso com as unidades, geridas pela Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac). De acordo com o diretor executivo do Sindasp, Antônio Reis, "um relatório enviado ao juiz pelo gerente do Case Salvador mostra que ele quer jogar a culpa para os agentes".
A afirmação do dirigente refere-se ao 'Comunicado de Evasão/Fuga' emitido pelo gerente da Case/Salvador, João Paulo Ferreira, para apurar o ocorrido naquela noite. "Estamos apurando eventual responsabilidade de servidor", conclui o texto assinado pelo gestor.
A reportagem entrou em contato com a Fundac, que se comprometeu em enviar uma nota de esclarecimento. Em tempo, a assessoria adiantou que o comunicado é um procedimento padrão de abertura de sindicância e negou a intenção de creditar aos agentes a fuga dos treze adolescentes oriundos do interior da Bahia, com idades entre 15 e 18 anos, que cumpriam medidas socioeducativas em internação provisória ou sentenciada - alguns deles já em processo de desligamento. 
INSETOS – Os agentes do Case Salvador reclamam ainda das condições de trabalho que são oferecidas pela Fundac. Segundo foi relatado ao Bocão News, uma das principais queixas é referente à alimentação. Conforme descrito, as refeições costumam ser servidas sem as mínimas condições de higiene, tendo a unidade de Salvador e Case Feminino as situações mais críticas.
Em ofícios enviados nos dias 6 e 14 de outubro à diretora-geral da Fundac, Regina Affonso, a categoria solicitou providências imediatas para "a substituição da empresa que fornece a alimentação especificamente e prioritariamente na unidade do Case Salvador". 
No primeiro documento, referente a uma situação ocorrida no dia 2 de outubro, “foi fornecido aos trabalhadores plantonistas e aos adolescentes do Case Salvador e do Case Feminino alimentação com presença de insetos (mosquitos e lagartos)". Até hoje, segundo o sindicato, nenhuma mudança no fornecimento ocorreu.
EFETIVO - Os agentes também protestam por conta do atual efetivo, considerado pelo sindicato como insuficiente para a demanda. "Hoje temos 4 agentes para 23 a 30 adolescentes por cada alojamento, quando seriam necessários 10 agentes para 20 adolescentes. É o que diz o Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo). Atualmente temos 400 adolescentes na Case/Salvador, para 160 agentes, o necessário seriam 400 adolescentes para 800 agentes", aponta Antônio Reis, ressaltando que o baixo efetivo contribui para fugas, rebeliões e mortes dentro das unidades socioeducativos que, segundo ele, "virou escola de marginalidade".
Ao Bocão News, a Fundac afirmou que número de agentes é compatível com a necessidade de cada Comunidade de Atendimento Socioeducativo. A instituição ainda não detalhou como andam as buscas pelos menores.
Em julho deste ano, agressões e mortes foram registradas no Case/Simões Filho. Na época, através de nota, a Comissão de Direitos Humanos da OAB da Bahia classificou a ocorrência como "inaceitável". 
Notícias relacionadas:

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp