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Blocos do “Carnaval da Quarta” da Barra são assediados para vendas de posições

Publicado em 01/02/2015, às 11h41   Tony Silva (Twitter: @Tony_SilvaBNews)


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O que começou como uma brincadeira de amigos e opção de curtição para quem iria trabalhar nos dias de carnaval, o desfile de blocos de fanfarras que percorre Avenida Oceânica, na Barra, na quarta-feira que antecede a folia, se tornou um verdaeiro circuito da festa momesca soteropolitana e passou a ter a mesma estrutura oferecida para os outros dias da maior festa popular de rua do mundo.

A véspera de festa, que passou a ser chamada carinhosamente de “Carnaval da Quarta”, ganhou em 2013 a oficialização do circuito por parte da prefeitura de Salvador, com o nome de Sérgio Bezerra, presidente do bloco de fanfarra mais tradicional do percurso, o Habeas Copos.

Há oito anos, desfilavam apenas três blocos, atualmente, são 28. Além do Habeas Copos, Quero Mais, Pinguço, Gravata Doida e Cachasamba são alguns dos irreverentes nomes das agremiações que desfilam na quarta.

Desde 2009 que os presidentes das entidades se organizaram e formaram a Associação Carnavalesca e de Entidades de Sopro e Percussão (Acesp).  O “Carnaval da Quarta” atrai a cada ano um número maior de pessoas, mantendo, entretanto, a característica de festa familiar e tranquila.

A estrutura e notoriedade que tem ganhado o Carnaval da Quarta atraiu o interesse dos mesmos que já ganham nos outros dias de folia. Os blocos já começam a ser assediados para vendas de posição na fila.

Segundo Elder Passos, presidente do bloco Cachasamba, que desfila desde 2008 no circuito, tanto ele quanto outros representantes de entidades que desfilam no “Carnaval da Quarta” receberam propostas financeiras para ceder o lugar na fila. Elder não aceitou a proposta. “Nós temos o compromisso de manter esse carnaval que fazemos, em que a prioridade é a família e amigos. Onde todos possam confraternizar e brincar em uma festa tradicional, alegre e tranquila, sem que os interesses financeiros sobreponham à essência do evento. Além disso, obedecemos a um estatuto que existe na nossa associação, que não permite esse tipo de prática”, afirma.

Para o presidente do Habeas Copos, Sérgio Bezerra que desfila com fanfarra no mesmo percurso há mais de 30 anos, o assédio por espaço tem uma explicação. “A verdade é que ninguém chuta cachorro morto. Isso é fruto do sucesso que a Acesp com os 28 blocos está fazendo. Só que não se chega a isso por acaso. Existe um trabalho de bastidores, de conscientização. Além da consciência daqueles que fundaram a Acesp, que o caminho mais certo é esse, manter a forma de brincar o carnaval de sopro e percussão com os instrumentos acústicos é fundamental”.

Bezerra ainda disse que o estatuto é muito claro e não há espaço para especulação. “Nosso estatuto não permite esse tipo de prática em querer usar o sucesso de todos em benefício próprio. Nós não aceitamos isso, nós punimos. Através do nosso caráter educativo, podemos mostrar que todos estejam conscientes da importância, que cada um tem e o próprio grupo. E por isso pessoas foram procuradas e tiveram respostas negativas a esse tipo de assédio”, comenta.  

Publicada no dia 31 de janeiro de 2015, às 18h14

Classificação Indicativa: Livre

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