Feriado / 2 de Julho

Tradição do 2 de julho une famílias em torno do desfile

Publicado em 02/07/2016, às 12h49   Redação Bocão News


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De 193 anos de festejos, Luiza Pereira participou de 52 deles. Desde que nasceu, o 2 de Julho, dia da independência da Bahia, faz parte das comemorações anuais do seu calendário. Moradora da Liberdade, desde criança ela participa do desfile cívico, seja fazendo parte da festa ou somente assistindo.

“Quando fiz cinco anos participei do meu primeiro desfile. Minha mãe fez uma roupinha de baiana pra que eu pudesse ficar jogando confete quando a cabocla passasse. Era só pra ficar do lado de fora da corda, olhando da calçada, mas uma das baianas me chamou e eu consegui fazer o meu pedido, desde então, todos os anos venho assistir a passagem dos cablocos e fazer meus pedidos e agradecimentos,” conta.

A mãe de Luiza, Julia, de 76 anos conta que aquele foi o primeiro desfile que ela assistiu, ao chegar do interior. “Morrei em Cruz das Almas, no interior da Bahia a vida toda. Logo depois de casar, me mudei pra capital e quando soube do desfile, quis logo vestir as meninas. Além da Luiza, a irmã dela, Priscila, também foi fantasiada de baiana. Mas a Priscila era mais tímida e ficou da varanda olhando o movimento, a Luiza logo se encantou e passou seguindo o cortejo. Tive que largar tudo para acompanhar, desde então todos os anos elas iam vestidas de baianas. Quando tiveram filhos vestia os meninos de índios e eles participavam da festa,” explica.

A quarta geração da família é composta por três bisnetos de dona Julia, deles, apenas dois ainda vão assistir a parada. “Um deles mora fora com a mãe, mas os outros dois vem todos os anos. Apesar de não morarem mais aqui no bairro, faço questão da presença. Faço uma feijoada e reúno a família toda pra assistir ao desfile. O engraçado é que amigos dos filhos e dos netos entram na brincadeira e sempre vem pra cá. Já virou mais do que tradição,” diz.
Perguntada se algum dia planeja parar de participar do desfile, ela é categórica: “Enquanto conseguir andar. No dia que não der mais, meus netos me carregam,” brinca.

História

A declaração de independência feita por Dom Pedro I, em 7 de setembro de 1822, deu início a uma série de conflitos entre governos e tropas locais ainda fiéis ao governo português e as forças que apoiavam nosso novo imperador. Na Bahia, o fim do domínio lusitano já se fez presente no ano de 1798, ano em que aconteceram as lutas da Conjuração Baiana.

No ano de 1821, as notícias da Revolução do Porto reavivaram as esperanças autonomistas em Salvador. As relações entre portugueses e brasileiros começaram a se acirrar, promovendo uma verdadeira cisão entre esses dois grupos presentes em Salvador. No dia 11 de fevereiro de 1822, uma nova junta de governo administrada pelo Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo deu vazão às disputas, já que o novo governador da cidade se declarava fiel a Portugal.

Utilizando autoritariamente as tropas a seu dispor, Madeira de Melo resolveu inspecionar as infantarias, de maioria brasileira, no intuito de reafirmar sua autoridade. A atitude tomada deu início aos primeiros conflitos, que se iniciaram no dia 19 de fevereiro de 1822, nas proximidades do Forte de São Pedro. Em pouco tempo, as lutas se alastraram para as imediações da cidade de Salvador. Mercês, Praça da Piedade e Campo da Pólvora se tornaram os principais palcos da guerra.

O mais marcante episódio de desmando ocorreu quando um grupo português invadiu o Convento da Lapa e assassinou a abadessa Sóror Joana Angélica, considerada a primeira mártir do levante baiano. Mesmo com a derrota nativista, a oposição ao governo de Madeira de Melo aumentava.

Devido à eficaz resistência organizada pelos defensores da independência e o apoio das tropas lideradas pelo militar britânico Thomas Cochrane, as tropas fiéis a Portugal acabaram sendo derrotadas em 2 de julho de 1823. O episódio, além de marcar as lutas de independência do Brasil, motivou a criação de um feriado onde se comemora a chamada Independência da Bahia.

*Com informações do Brasil Escola

Classificação Indicativa: Livre

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