Saúde

Cruz das Almas: médicos ameaçam pedir demissão após decreto do prefeito

Publicado em 13/11/2015, às 06h12   Leo Barsan (Twitter @leobarsan)


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Os médicos lotados em unidades de atendimento de Saúde, em Cruz das Almas, Recôncavo baiano, ameaçam entregar um pedido de demissão coletiva na próxima quarta-feira (16), caso uma pauta com reivindicações apresentadas ao prefeito Ednaldo Ribeiro (PMDB) não seja atendida. Ao menos 20 profissionais estão dispostos a deixarem as funções.

A medida da categoria é um protesto ao decreto baixado pelo gestor na sexta-feira passada (6) determinando o corte de 20% dos salários de todo o funcionalismo municipal.

O chefe do Executivo local alega adequações ao índice de pessoal para fugir de uma possível reprovação do Tribunal de Contas dos Municípios, além de economia, conforme mostrou o Bocão News no último domingo (8). Segundo Ribeiro, a redução vale para os meses de novembro e dezembro.

Em assembleia na última segunda-feira (9), os médicos decidiram por rescindir os contratos de forma voluntária. A categoria alega estar sem reajuste há três anos, mas retirou da pauta o pleito por aumento de salários. Os profissionais pedem a manutenção dos ganhos atuais, além de melhores condições de trabalho, alimentação e segurança. A prefeitura sugeriu o reembolso, em duas parcelas, em 2016. Uma nova assembleia será realizada na próxima segunda-feira (16) para avaliar a contraproposta do Executivo.

No cargo desde setembro, após a renúncia do ex-prefeito Raimundo Cavalcanti, Ribeiro engrossou o discurso contra os médicos, durante entrevista a uma rádio local na última terça-feira (10). “Se paralisarem, entra uma equipe médica nova no mesmo momento. Peço à população que fique tranquila porque temos um plano B e está tudo certinho para garantir o atendimento. O prefeito pode pagar o preço, mas a população não”, ressaltou.

Ribeiro disse, ainda, que é “prerrogativa do prefeito” reduzir ou reajustar salários de contratados. “Quem pode fazer protesto é funcionário efetivo. Posso desfazer qualquer contrato. Se o que o Município pode pagar, não querem contribuir, mesmo recebendo em dias, digam que não serve porque não tem problema nenhum”, emendou o gestor.

Expressivos

O prefeito ressaltou que há médicos recebendo valores expressivos em Cruz das Almas. “Uns ganham até R$ 40 mil. Vou cortar R$ 8 mil e estão reclamando. Estou com o coração cortado porque vou ter que cortar até de quem ganha salário mínimo. Eles (os médicos) deveriam ser solidários com esse momento que nós vive (sic) no nosso país. A redução é temporária para ajustar as contas da prefeitura”, reiterou Ribeiro. A reportagem entrou em contato com o gestor, mas ele não atendeu as ligações. A secretaria municipal de Saúde também foi procurada, mas não houve êxito.

Atendimento

Desde a assembleia dos médicos, os atendimentos com classificação de risco nas cores vermelha e amarela, estabelecida pelo Ministério da Saúde para casos de urgência e emergência, estão sendo redirecionados da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para a rede de atenção básica, cuja assistência é prestada por Postos de Saúde da Família (PSF).

O diretor da UPA e do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) de Cruz das Almas, o médico Luiz Magalhães, assegurou ao Bocão News, nesta quinta-feira (12), que, apesar do redirecionamento da demanda, nenhum paciente tem deixado de ser atendido. “A UPA de Cruz das Almas chega a atender até 300 pessoas por dia. Em forma de protesto, casos como a troca de receitas, exames e dores lombares são encaminhados para outras unidades”, explicou.

Publicada originalmente às 11h do dia 12 de novembro

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