Política

Presidente da CPI do MST desliga microfone de deputada que lia sobre investigação contra ele

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Deputada do PSOL teve sua fala interrompida duas vezes por bolsonarista que preside a CPI do MST  |   Bnews - Divulgação Reprodução / TV Câmara

Publicado em 23/05/2023, às 21h00   Cadastrado por Lula Bonfim



O deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI do MST, desligou o microfone de sua colega, Sâmia Bomfim (PSOL-SP), enquanto ela lia uma notícia de uma investigação que foi aberta sobre ele, por participação nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. O caso ocorreu nesta terça-feira (23) na Câmara dos Deputados e foi registrado pelo portal G1.

Sâmia ainda teria direito a 30 segundos de fala, mas foi interrompida pelo presidente da CPI do MST, que argumentou ter concedido uma “questão de ordem” para que não houvesse injúrias contra deputados federais.

"Acabou de sair a notícia que o Moraes autoriza a Polícia Federal a retomar a investigação do presidente da CPI do MST pela participação nos atos antidemocráticos. Que até agora o senhor estava dizendo que era mentira", disse Sâmia, quando teve o microfone desligado por Zucco.

O presidente da CPI rebateu a colega afirmando que o tema em questão, da investigação dos atos antidemocráticos, não seria pauta da comissão.

"Deputada Sâmia, eu aceitei a questão de ordem do deputado Kim [Kataguiri]. Nós não vamos permitir ataques pessoais. Sobre essa nota que a senhora falou, já tinha sido publicada. Isso não é pauta dessa CPI", afirmou Zucco.

Após alguns minutos, Sâmia Bomfim retornou ao microfone para apresentar questão de ordem por ter sido interrompida pelo presidente da CPI, mas acabou tendo a sua fala cortada pela segunda vez consecutiva.

"Eu tive o microfone cortado quando ainda havia 30 segundos para eu concluir meu tempo de líder. Uma coisa é fazer interrupções, pedir ordem, quando há ofensas, quando parte para agressão física ou verbal. Eu não estava fazendo nada disso. Eu estava lendo uma reportagem da imprensa", dizia a deputada, antes de ser interrompida novamente, faltando dois minutos para o término de seu tempo de fala.

Zucco disse que não aceitava a questão de ordem da Sâmia porque já havia decidido que deputados não poderiam se referir de forma "descortês" ou "injuriosa" aos integrantes da CPI.

"Se vossa excelência não tivesse interrompido o meu direito regimental de usar o tempo de líder do meu partido, nada disso teria acontecido. Mas o autoritarismo e a gana de calar as nossas vozes é tão grande que o senhor cria uma situação absolutamente constrangedora para o senhor e depois foi obrigado, evidentemente, a cumprir aquilo que diz o nosso regimento", rebateu Sâmia.

"Eu nunca faltei com respeito com o senhor, não utilizei elogio ou palavrão. Eu li uma manchete. Por que lhe incomoda tanto uma manchete de jornal? A manchete está pública, qualquer cidadão brasileiro pode ter acesso a esses fatos. Para mim, o senhor não tem que prestar depoimento nenhum, é para a Polícia Federal”, concluiu a deputada do PSOL.

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