Política

Gabrielli vai à Câmara Federal defender compra de Pasadena

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Ex-presidente da Petrobras tem repetido do mesmo “mantra” ao afirmar que os fatos noticiados são mentiras  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/04/2014, às 18h02   Agência Câmara


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O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli disse nesta terça-feira (8), na Câmara dos Deputados, que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, foi, “à época, um bom negócio” para a estatal brasileira.

Segundo Gabrielli, que participou de uma reunião fechada com a bancada do PT, o negócio atendeu ao plano estratégico da companhia e foi firmado com base nos preços praticados pelo mercado.

O ex-presidente da petrolífera reconheceu, no entanto, que nem todos os membros do conselho de administração da empresa conheciam todos os detalhes do negócio. O conselho era comandado pela presidente Dilma Rousseff, na época ministra-chefe da Casa Civil do Governo Lula.

“O conselho de administração discutiu se era um bom negócio como um todo. Mas a presidente não tinha acesso a todas as informações”, disse Gabrielli, que não quis comentar o fato de a presidente ter afirmado que se soubesse de todos os detalhes não teria votado pela compra de Pasadena.

A compra de Pasadena é um dos focos de pedidos para a instalação de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) no Congresso. A oposição questiona o valor de US$ 1,3 bilhão aplicado na compra da refinaria e pressiona pela criação de uma comissão mista (deputados e senadores).

A compra da refinaria também está sendo investigada pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério Público. Outros pedidos de CPI querem investigar denúncias de recebimento de propina nos contratos firmados com a empresa SBM Offshore.

Mentiras x Verdades

Segundo Gabrielli, sua vinda à Câmara teve o objetivo de prestar esclarecimentos à bancada sobre as notícias que classificou como “falsas” e “versões eleitoreiras”. “Eu vim aqui pra combater os fatos que vêm sendo veiculados na imprensa. Uma mentira repetida várias vezes vira verdade”, disse.

Gabrielli se referiu a matérias divulgadas pela imprensa dando conta de que Pasadena foi adquirida pela Petrobras ao custo total de 1,3 bilhão de dólares, após uma disputa na justiça de quatro anos com a Astra Oil, que havia comprado a refinaria em 2005 por US$ 42 milhões.

Ao rebater os números, ele disse que a Petrobras pagou US$ 486 milhões pela refinaria americana, como parte do plano de refinar petróleo pesado na América do Norte. Segundo Gabrielli, no primeiro momento, foram pagos a Astra Oil 190 milhões de dólares por 50% da refinaria e, após a disputa judicial, outros US$ 296 milhões de dólares pela outra metade.

O ex-presidente da estatal citou ainda outros valores pagos, que envolveram a compra dos estoques de óleo da refinaria (360 milhões de dólares), despesas bancárias da ordem de 150 milhões de dólares a um banco francês, 84 milhões de dólares para resolver questões ambientais, além de despesas com custas processuais. Gabrielli, entretanto, não soube precisar o valor das custas processuais.

“Bom negócio”

“A refinaria foi um bom negócio naquele momento. A estratégia de refinar nos Estados Unidos foi adequada”, disse ele, ressaltando que o mercado mudou com a crise internacional em 2008 e com a descoberta do xisto nos Estados Unidos e do pré-sal no Brasil.
Gabrielli disse ainda que a cláusula Marlim, incluída no contrato de compra da refinaria, foi julgada improcedente pela justiça americana. A cláusula garantiria à Astra um retorno mínimo de 6,9%, mesmo se o negócio desse prejuízo.

Já a Put Option – cláusula que obrigava a Petrobras a comprar a parte da Astra em caso de desentendimento –, segundo o ex-presidente da Petrobras, foi responsável por todo o imbróglio jurídico com base no preço a ser pago a Astra pela outra metade da refinaria.

“A Put Option é um acordo de divórcio. É a definição das formas de saída do negócio”, disse ele, acrescentando que partiu da Petrobras a iniciativa de ingressar na corte arbitral contra a Astra por descumprimento de contrato.

CPMI mista

O líder do PT, deputado Vicentinho (SP), que coordenou a reunião da bancada, disse que a vinda de Gabrielli fez parte de uma demanda por mais informações sobre a compra da refinaria.

Vicentinho negou que haja a intenção do partido de bloquear investigações na Petrobras, mas defendeu uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) mista que analise também as denúncias de corrupção no metrô de São Paulo.

“Guerra eleitoral”

Já o deputado Henrique Fontana (PT-RS), que também participou da reunião, disse que a intenção da oposição de criar uma CPI para investigar unicamente a Petrobras é eleitoreira. “A minha visão é que ela não deve sair, porque ela é contra o interesse nacional e interessa a dois candidatos de oposição: Aécio Neves e Eduardo Campos. Estamos numa guerra eleitoral”, disse.

Para Fontana, a criação de uma CPI sobre a Petrobras nesse momento serviria de palanque. Ele disse ainda que houve erro da companhia por não ter colocado no sumário executivo da compra de Pasadena informações sobre as cláusulas Marlim e Put Option.

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