Política

“Nem desocupados, nem petistas”

Publicado em 28/02/2012, às 09h30   Marivaldo Filho


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Após o prefeito João Henrique desqualificar o movimento Desocupa e dizer que os fundadores da manifestação “são forças do atraso desocupadas”, representantes da sociedade civil deram a resposta ao gestor da cidade na noite desta segunda-feira (27), durante a terceira mesa de debates do projeto “A Cidade que queremos”, no Teatro Vila Velha.

“Não somos nem liderados por petistas nem desocupados. Desde o início, o Movimento Desocupa optou claramente por não ter vinculação com nenhum partido e ficamos surpresos que ainda seja necessário esclarecer isso. A fala leviana do desprefeito visa apenas a desqualificação de um movimento legítimo da sociedade civil que tem recebido importantes apoios”, falou o arquiteto Ícaro Vilaça , lendo documento formulado pelos manifestantes. 

Além de protestar contra a aprovação da Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo (Louos) no dia 29 de dezembro, os manifestantes ainda recolheram assinaturas para apoiar a Ação Popular que será proposta contra as irregularidades detectadas no contrato feito entre a prefeitura e a Premium Produções Criações Artísticas Ltda, empresa responsável pelo Camarote Salvador.


As críticas à gestão do prefeito João Henrique não param por aí. A privatização de espaços públicos, degradação da orla, atraso nas obras do metrô, devastação ambiental, precariedade dos serviços públicos municipais, falta de transparência na gestão, dentre vários outros problemas enfrentados pela cidade, foram apontados pelos representantes do movimento, durante o encontro.

“A administração iníqua e deletéria do senhor João Henrique de Barradas Carneiro, cujos despautérios, seguidos e crescentes, culminaram na sanção de uma lei municipal que desrespeita leis federais e a própria Constituição Brasileira, configurando um verdadeiro golpe contra a democracia e o estado de direito. É de conhecimento geral que Salvador foi reduzida a uma situação de descalabro por essa administração irresponsável, bisonha, divorciada do interesse público, complacente com a ganância imobiliária, hostil ao povo. Não faltam motivos para protestar”, afirmou Ordep Serra, representante do Movimento Vozes de Salvador e coordenador do encontro.

Os representantes do movimento prometeram comparecer à  audiência pública prestação de contas da Secretaria da Fazenda da prefeitura de Salvador, na próxima quarta-feira, às 9h30, no Centro de Cultura da Câmara, para pressionar os vereadores a confirmarem o parecer do Tribunal de Contas do Município (TCM), rejeitando as contas de João Henrique, referentes ao exercício financeiro de 2009. Vale lembrar que, caso seja confirmado o parecer do TCM, o prefeito de Salvador ficará inelegível por oito anos. “Nada mau”, brincou o arquiteto Ícaro Vilaça.



Depois da fala de todos os componentes da mesa, formada por Clímaco Dias (Instituto de Geociências/ UFBA), Daniel Colina (ConCidades/ BA), Waldir Santos (Movimento Desocupa), Marli Carrara (União Nacional por Moradia Popular), Raimundo Nascimento (Rede CAMMPI – Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe) e Nivaldo Andrade (Instituto dos Arquitetos do Brasil – Seção Bahia), a fala foi fraqueada para os presentes no encontro.

Mídia comprada


O ex-secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles, desabafou e criticou a atuação da maioria dos meios de comunicação na cobertura do Movimento Desocupa. “Não conseguimos visibilidade porque a mídia é comprada. A verdade é essa. São muitos interesses em jogo e a dificuldade é muito grande. A sociedade tem que entender o que está acontecendo com a cidade”, afirmou Meirelles. 


Fotos: Gilberto Júnior// Bocão News
Matéria publicada dia 27 de fevereiro às 21h22

Classificação Indicativa: Livre

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