Política

Intermarítima e ex-deputado aparecem em lista da Caixa apreendida

Publicado em 13/08/2017, às 14h11   Redação BNews


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Em julho de 2016, integrantes da Corregedoria da Caixa Econômica Federal em Brasília apreenderam o notebook de um funcionário da Vice-Presidência de Pessoa Jurídica. De acordo com a revista Época, o notebook trazia registros datados de 2012. Entre 2011 e 2013, o vice-presidente de Pessoa Jurídica era Geddel Vieira Lima (PMDB), que recentemente ocupou um ministério no gabinete de Michel Temer. Os investigadores da Corregedoria localizaram nos arquivos uma planilha que ganhou a chancela “sigilosa”.
A reportagem detalha que o documento tinha a lista das empresas que solicitavam empréstimos ao banco público, com os valores das operações e o status do negócio. Até aí, um registro prosaico de atividades. Não fosse por uma outra coluna, identificada como “contatos externos”. Nela, políticos de PMDB, PT e PSC estavam relacionados às operações, que deveriam ser eminentemente técnicas.
Segundo a revista, a empresa baiana Intermarítima obteve um empréstimo de “9MM”, segundo a planilha. Na coluna “contato externo”, está o nome do ex-deputado pela Bahia Leur Lomanto, do PMDB. A companhia, que opera portos no Nordeste, confirmou que obteve o financiamento da Caixa em 2013, só que num valor maior – R$ 12 milhões. 
O empréstimo foi usado para a compra de um imóvel para armazenagem e ensacamento de fertilizantes, e o valor foi depositado diretamente na conta do vendedor. O diretor financeiro da empresa, Clovis Duarte, afirma ter sido o responsável pela negociação com a Caixa, admite que conhece o ex-deputado “de nome”, mas diz que o empréstimo foi tratado diretamente com um gerente da agência da Caixa em Salvador. “Em nenhum momento utilizamos qualquer pessoa fora da empresa para tratar deste assunto”, disse, em nota.
Leur Lomanto, que aparece na planilha erroneamente como “dep Leau”, diz, sem citar nomes, que é amigo de infância de um dos sócios da companhia e que, ao procurar Geddel, “solicitou tão somente a agilização do procedimento final, independentemente de qualquer vantagem pessoal ou para terceira pessoa”.
Por meio de sua assessoria, a Caixa informou que o processo interno da Corregedoria “foi levado ao conhecimento da Polícia Federal e do Ministério Público Federal”, mas que, como corre sob sigilo, não pode se manifestar sobre ele.
Em relação aos empréstimos, o banco afirmou que “até o momento não foram identificadas irregularidades nas concessões”. Como o escândalo do FI-FGTS foi revelado pela PF e não pela área de compliance da Caixa, a planilha obtida pelos auditores é considerada um grande ponto de partida.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima afirmou por meio de nota que só vai se manifestar quando tiver acesso ao documento e disse que jamais atuou para favorecer ou retardar operações financeiras para empresas no banco. Giovanni Alves, o usuário do computador apreendido pelos investigadores da Corregedoria, não quis comentar o assunto.
Publicado originalmente 1208 às 19h50

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