Política

Janot criticou em denúncia encontros fora da agenda, como o de Temer com Dodge

Publicado em 09/08/2017, às 10h30   Folhapress


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Os encontros noturnos e fora da agenda do presidente Michel Temer (PMDB) no Palácio do Jaburu "revelam o propósito de não deixar vestígios dos atos criminosos lá praticados". A afirmação é do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na denúncia em que acusou o presidente de corrupção passiva, por ser supostamente o destinatário final de uma mala com R$ 500 mil e uma promessa de outros R$ 38 milhões em propinas da JBS. 
No último dia 2, a Câmara dos Deputados decidiu não dar autorização para que o caso fosse encaminhado ao STF.  As circunstâncias do encontro -o horário e a ausência de registro oficial- são as mesmas em que o presidente recebeu, às 22h noite de terça (8), Raquel Dodge, subprocuradora da República e sua sucessora na PGR (Procuradoria-Geral da República).  À reportagem Raquel Dodge afirmou que se encontrou com o presidente para discutir sua posse, em setembro. 
Na denúncia, Janot discorre especificamente sobre a conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista. Em 7 de março deste ano ("é possível afirmar que a sequência de eventos ocorreu entre às 22h e 31 min e às 23h e 16 min"), o sócio do grupo JBS visitou o Jaburu e gravou o diálogo com o presidente. Tratou-se, disse o procurador-geral, de uma "reunião clandestina". 
Janot escreve que, apesar de Temer confirmar que ouviu Joesley à noite, como o faz com "muitos empresários, políticos, trabalhadores, intelectuais e pessoas de diversos setores da sociedade brasileira", o peemedebista não apontou no inquérito quem seriam seus convidados. 
Ainda de acordo com a denúncia, o horário do encontro foi definido por Temer. "Ele prefere te atender à noite no Jaburu, mais tarde, sei lá, a partir das 10 da noite, 11 horas", disse Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente, a Batista, também em conversa obtida pela PGR. Loures ficou conhecido como o "deputado da mala" por ter sido filmando transportando os R$ 500 mil, entregues a ele em uma pizzaria. Para seguir adiante, a denúncia de Janot precisaria ser avaliada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), com o aval da Câmara. Em 2 de agosto, a maioria dos deputados votou para barrar o prosseguimento da acusação. 
Nesta semana, o Planalto subiu contra o procurador-geral. Na terça (8), a defesa do presidente pediu que Janot seja impedido de investigar o presidente. Na segunda (7), o ministro Gilmar Mendes, do STF, afirmou que Janot é "o procurador mais desqualificado que já passou pela história da Procuradoria". Na véspera, desejou ao procurador-geral "boa viagem" e jantou com Michel Temer -também fora da agenda.

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