Política

"Meu silêncio nunca esteve à venda", diz Cunha em depoimento

Publicado em 14/06/2017, às 13h22   Redação BNews


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O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse nesta quarta-feira (14) à Polícia Federal que seu silêncio "nunca esteve à venda", segundo o advogado Rodrigo Sánchez Rios. "Ele nunca foi procurado por ninguém para falar a respeito", disse o defensor.
O advogado disse que estima que o depoimento de Cunha à PF tenha durado cerca de uma hora e meia. Cunha chegou à superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, por volta das 10h, trazido do Complexo Médico Penal, em Pinhais, região metropolitana, onde está preso preventivamente desde o ano passado. Ele está sendo ouvido como testemunha no processo.
O inquérito contra Temer foi autorizado pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal) após as delações premiadas da JBS.
A PGR (Procuradoria-Geral da República), que pediu a abertura da investigação, afirma que um diálogo entre Temer e um dos donos da JBS, Joesley Batista, mostra que Temer teria dado autorização para que o empresário comprasse o silêncio de Cunha para que o ex-deputado não fechasse um acordo de delação premiada.
Temer tem rejeitado essa interpretação do diálogo e diz que o áudio apresentado por Joesley é "fraudulento". O presidente também afirma não ter se envolvido em irregularidades e ter pressa para o desfecho da investigação, para que os fatos sejam esclarecidos.
Fachin chegou a determinar a prisão preventiva de Cunha no inquérito contra Temer. Mas o deputado já estava preso, por ordem do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na 1ª instância do Judiciário.
Cunha foi condenado a 15 anos de prisão por Moro por participação no esquema de corrupção na Petrobras.
A gravação da conversa entre o presidente e o empresário tem, ao todo, 38min57s. O trecho em que Joesley Batista, dono da JBS, trata com Temer sobre o seu relacionamento com Cunha, dura cerca de três minutos.
O assunto é tratado quando Joesley pergunta a Temer como está a relação dele com Cunha. Em seguida, o empresário disse que fez o "máximo que deu ali", "zerei tudo", para explicar que não tinha mais pendências com o ex-deputado.
Na conversa, Joesley disse que trata de outros assuntos com o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB). Os comentários de Temer sobre Geddel, também investigado na Lava Jato, são incompreensíveis.
O dono da JBS afirma que houve vazamentos de conversas entre Cunha e Geddel que poderiam comprometer o grupo. Neste mesmo comentário de Joesley, ele declara a Temer "O que mais ou menos eu dei conta de fazer até agora: eu tô bem com o Eduardo, ok", diz Joesley.
Temer responde "Tem que manter isso, viu?", mas o que ele fala a seguir é inaudível.

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