Política

Perito nega ter dado nova versão sobre edição de áudios

Publicado em 22/05/2017, às 07h56   Folhapress


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Ricardo Caires dos Santos, perito que afirmou à Folha de S.Paulo que a gravação da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista apresentava mais de 50 pontos de edição, negou ter oferecido outra conclusão para o caso, como noticiado pelo jornal carioca "O Globo". 
Reportagem publicada no site do jornal neste domingo (21) relata o perito afirmando que seriam apenas "14 pontos de edição, entre 15 e 20 pontos de corte e diversos trechos de ruído". Teria dito também, de acordo com "O Globo", não ser possível localizar onde estariam os pontos de edição. 
A Folha de S.Paulo voltou a falar com Santos para que ele esclarecesse a disparidade entre as declarações. 
Por e-mail e por telefone o perito declarou que não mudou sua versão, apenas procurou acrescentar detalhes à análise e foi mal compreendido pela repórter do jornal. "Todos os pontos marcados em meu laudo são edições." E negou que tenha dito não ser possível localizar os pontos de edição. "Não é verdade." 
Na sexta-feira (19), a Folha de S.Paulo contratou Santos para analisar a gravação da conversa. Posteriormente, entrevistou-o para produção de reportagem. Tanto no laudo produzido quanto na entrevista, Santos afirmou que a gravação sofreu 53 edições e que, por isso, certamente teria sua validade contestada em juízo. 
Além de Santos, a Folha de S.Paulo ouviu o perito Ricardo Molina, que não fez uma análise formal do áudio, mas declarou que "percebem-se mais de 40 interrupções" na gravação, sem poder indicar o que as provoca. "Pode ser um defeito do gravador, pode ser edição, não dá para saber." Molina afirmou também que a gravação tinha baixa qualidade técnica, o que prejudicaria sua análise, e que seria necessário verificar o aparelho usado na captação. 
O jornal "O Estado de S. Paulo" também consultou um especialista. Em reportagem publicada na sexta (19), em seu site, o perito Marcelo Carneiro de Souza afirmou ter "identificado 'fragmentações' em 14 momentos na gravação, isto é, pequenos cortes de edição no áudio". 
O mesmo fez o "Jornal Nacional", da TV Globo. No sábado (20), o programa veiculou reportagem na qual consultou os peritos George Sanguinetti e Nelson Massini.
Ambos os profissionais concluem que não houve edição. Horas antes, o presidente Michel Temer abriu seu segundo pronunciamento da semana citando a reportagem da Folha de S.Paulo e afirmando que pediria suspensão do inquérito aberto contra ele no STF. 
Santos é perito judicial pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e já fez análises para outros órgãos de imprensa.

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