Política

Manifestações anti-Temer reúnem centenas na av. Paulista e em Brasília

Publicado em 18/05/2017, às 06h38   Folhapress


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Centenas de manifestantes se reuniram na noite desta quarta (17) em frente ao Masp, na av. Paulista (centro de São Paulo), para protestar contra o governo de Michel Temer (PMDB).
Os manifestantes chegaram a ocupar toda a pista sentido Consolação, provocando paralisação do trânsito no local.
Antes mesmo da divulgação do conteúdo de gravações que implicam Temer no início desta noite, já havia um debate promovido pela Frente Povo Sem Medo, que discutia as reformas trabalhista e previdenciária patrocinadas pelo governo. Outros movimentos aderiram ao ato, como a Frente Brasil Popular e manifestantes da UNE, da CUT e movimentos pelos direitos LGBT.
Após a publicação do conteúdo das gravações, mais manifestantes foram convocados por meio das redes sociais, engrossando o público no local.
Houve uma negociação com a polícia para que uma parte da avenida fosse interditada para dar espaço para a manifestação, mas o pedido foi inicialmente negado, o que não impediu os manifestantes de levarem a intenção a cabo. Depois do aumento do número de manifestantes, e sem conflito, chegou-se a um consenso e a polícia passou a realizar o bloqueio.
Entre os gritos de ordem estão os pedidos de "diretas já", "fora, Temer" e cânticos pedindo o fim do governo do peemedebista.
Em Brasília, cerca de 300 manifestantes se reuniam às 22h40 na praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto. A polícia militar impediu com spray de pimenta que os manifestantes tomassem a via.
Eles gritam palavras de ordem como "diretas já" e "golpistas, fascistas", não passarão. Apesar de contar com a presença de militantes das duas frentes, segundo os coordenadores a concentração é espontânea.
Deputados da bancada do PT na Câmara se juntaram à manifestação. Eles saíram da Casa de braços dados e forma recebidos com gritos de "fora Temer" dos manifestantes.
Entre os que vieram para a praça estão Reginaldo Lopes (MG), Erika Kakay (DF), Paulo Pimenta (SP) e Leonardo Monteiro (MG).
"Por muito menos, a Dilma foi deposta", afirmou Raimundo Bonfim, que faz parte da coordenação da Central de Movimentos Populares. Em sua conta no Twitter, o coordenador da Povo Sem Medo e do MTST Guilherme Boulos pediu eleições diretas. "A casa caiu pro Temer. Pede pra sair já!", afirmou.
O foco das manifestações contra as reformas da Previdência e trabalhista agendadas para o dia 24 de maio também devem ganhar um novo foco. "Agora o 'fora Temer' ganha força, não tem como ele ficar. O governo morreu hoje", afirma Bonfim.
Em São Paulo, entre os manifestantes estava o ator Otávio Muller. "Vim aqui porque estou indignado e sou contra o governo temer. Não sou filiado partido nenhum. Sou um cidadão de bem, comum e que tenho o direito de me manifestar", diz. "O problema é que acordo cedo amanhã para a gravação, porque cinema se grava cedo.", lamenta.
Um pouco depois da meia noite, já na madrugada de quinta (18), o ato em São Paulo se dispersou após uma caminhada simbólica até o escritório da presidência da República, localizado na própria av. Paulista.
Os organizadores planejam uma nova manifestação em São Paulo no domingo (21).
CONVOCAÇÃO
Os movimentos populares divulgaram o texto abaixo nas redes sociais:
"A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo convocam todos e todas para construir atos e manifestações em todas as capitais do Brasil para exigir a saída do presidente Michel Temer e eleições diretas.
As provas divulgadas hoje de corrupção e suborno para calar o ex-deputado Eduardo Cunha comprovam, o que há mais de um ano afirmamos, que o presidente ilegítimo Michel Temer não tem nenhuma condição de continuar na presidência da República.
Só o voto popular pode resolver essa imensa crise política, resgatar a democracia e credibilidade na principal instituição brasileira. Qualquer outra saída será golpe dentro do próprio golpe.
É por isso, que as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocam todos e todas para ocupar as ruas no próximo domingo, dia 21 de maio, de todas as capitais do país para exigir Fora, Temer e Eleições Diretas, Já!."
O QUE ACONTECE SE MICHEL TEMER DEIXAR A PRESIDÊNCIA?
Nos dois anos finais do mandato, a Constituição prevê eleição indireta em caso de dupla vacância, ou seja, queda do presidente e do vice por renúncia, afastamento ou morte.
QUEM ASSUMIRIA?
O primeiro na linha sucessória é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) –depois vêm o do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e a do STF, Cármen Lúcia. Maia teria 30 dias para convocar uma eleição indireta.
QUEM ELEGERIA?
Os 513 deputados e 81 senadores, em sessão bicameral, com voto aberto e peso igual para todos.
QUEM PODERIA SE CANDIDATAR?
A Constituição não especifica se as regras de elegibilidade (ser brasileiro, ter 35 anos ou mais, filiado a um partido etc.) se aplicam num pleito indireto. Alguns especialistas defendem que se siga o roteiro geral. Outros, que essas normas não valem aqui. Caberia ao Congresso definir.
MAGISTRADOS PODERIAM VIRAR PRESIDENTE?
Para a turma que aponta buracos na Constituição sobre quem é elegível, sim. Numa eleição direita, só pode se candidatar quem se descompatibilizar do cargo seis meses antes do pleito.
DIRETAS JÁ É ALGO POSSÍVEL?
Seria preciso aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para alterar as atuais regras do jogo. Já há iniciativa afim no Congresso, de Miro Teixeira (Rede-RJ).
TEMER PODE SER DENUNCIADO?
Sim, se a Procuradoria-Geral entender que houve crime no mandato atual. Mas a denúncia só chegaria ao STF com autorização de dois terços da Câmara (crimes de responsabilidade, caso de Dilma, também passam pelo Senado). O rito não é ágil.

Classificação Indicativa: Livre

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