Política

Lula diz ver espaço para diálogo com FHC, mas refuta conversa com Temer

Publicado em 26/04/2017, às 21h53   Folhapress


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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta quarta-feira (26) um aceno público em direção à abertura de diálogo com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), seu antecessor no Palácio do Planalto. 
"Eu fiquei muito agradecido quando ele foi me visitar no hospital, foi visitar a dona Marisa, e acho que há um espaço para conversar sobre reforma política e também discutir sobre economia, não tem problema", afirmou em entrevista ao SBT. 
Lula refutou, no entanto, a possibilidade de aproximação com o presidente Michel Temer (PMDB). Disse que, "sinceramente", não tem interesse em conversar com ele. "A forma como ele chegou ao governo não condiz, inclusive, com as conversas que tive com ele." 
Desde a visita de FHC e Temer ao petista durante o período em que a ex-primeira dama Marisa Letícia estava internada, em fevereiro deste ano, auxiliares do trio tratam da possibilidade de conversas, principalmente em torno da reforma política. 
Na entrevista, o petista disse também que não vai fazer "nenhum acordo sobre a Lava Jato". "Se tiver de ter reunião entre os políticos, tem de ser os presidentes dos partidos que puxem, é para discutir reforma política".
Se o país continuar com essa lógica de "desmoralização dos partidos", segue Lula, o caminho é "fascismo e nazismo". 
Ainda sobre Temer, Lula disse que ele "deveria ter dito 'não'" à possibilidade de assumir o Executivo depois do impeachment de Dilma Rousseff. 
"Um senhor de 76 anos, jurista respeitado, poderia ter dito: 'Não quero o Poder pela via do golpe'. Ele era vice-presidente, teoricamente chefe do [Eduardo] Cunha. Faltou compromisso com Dilma e com a democracia. Ele sabe que isso tem um preço e ele vai pagar o preço por isso." 
'AMIGO'
Lula também saiu em defesa de seu ex-ministro Antonio Palocci, que negocia delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato e pode mencioná-lo nas tratativas para firmar a colaboração. Mas afirmou que não se preocupa com a possibilidade de colaboração de seu aliado. 
"Palocci é meu amigo, fundador do PT, uma das maiores inteligências políticas do país." 
"Está preso, sem direito de habeas corpus, trancafiado. E enquanto não falar não sai. 'Quer sair, fala do Lula.' É assim com todo mundo. Mas não tenho nenhuma preocupação com a delação do Palocci", afirmou o presidente. 
Ao citar as delações de Marcelo Odebrecht e de Leo Pinheiro, comparou o tempo durante o qual os alvos da Operação Lava Jato ficam presos antes da condenação à "tortura". 
"Eu fico preocupado porque essas pessoas estão pressas há muito tempo. [...] Estão sendo torturados psicologicamente. [Odebrecht] não se apresentou para fazer a delação, ele está sendo coagido todo santo dia. Agora é o Palocci. 'Palocci vai fazer', 'Vaccari vai fazer'. Todo dia é uma coação, quase que uma caça às bruxas." 
Lula disse ainda que a condição "sine qua non" para que uma delação seja aceita é que seu nome apareça. "Se tudo que eu tenho que fazer pra sair é alguma futrica contra o Lula, eu vou delatar até a mãe." 
O petista negou ainda as afirmações feitas por Emilio Odebrecht em seu acordo de delação premiada com a Lava Jato de que tratou de recursos para campanha com o petista. 
"Duvido que o Emílio tenha em algum momento conversado comigo sobre dinheiro de campanha. Não permitia que se conversasse e não conversava com ele sobre siso. Se você estabelece relação de pedir recurso para empresário você cria uma relação de promiscuidade. E um presidente não pode ter relação promíscua."

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