Política

Negociações eleitorais marcam disputa pela presidência da Assembleia

Publicado em 28/01/2017, às 06h50   Luiz Fernando Lima


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Os deputados estaduais da bancada de oposição ao governo Rui Costa se reúnem com o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), neste sábado (28), para mais uma rodada de discussão a respeito da sucessão da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (AL-BA).

Embora as três candidaturas postas sejam da base governista – Marcelo Nilo (PSL), Ângelo Coronel (PSD) e Luiz Augusto (PP) -, os parlamentares da bancada de oposição tendem a ser decisivos na peleja.

À reportagem do Bocão News diversos deputados do agrupamento reconheceram que o clima é de indefinição e que tudo pode acontecer na reunião de amanhã. “Tudo menos um racha interno. Temos diversas opiniões divergentes, mas decidimos, consensualmente, que votaremos em bloco”, afirmou um deles pedindo para não ter o nome divulgado.

Na mesa de negociação estão algumas questões conceituais, práticas e de conjuntura política. Entre as conceituais se destaca o argumento da necessidade de alternância de poder. Marcelo Nilo está à frente da Assembleia há dez anos. São cinco mandatos consecutivos e isso pesa no discurso para a sociedade, no entanto, a troca pela troca é vista com certo ceticismo por alguns deputados.

Do ponto de vista da prática os deputados consultados pela reportagem reconhecem que pouco deve ser mudado independente de quem vença. Ou seja, o governo continuará com a maioria da bancada e com condições de aprovar os projetos sem que sejam submetidos às comissões temáticas e tampouco o Poder Executivo terá que acatar eventuais emendas às matérias propostas pela oposição.

O funcionamento do Palácio Luís Eduardo Magalhães também permanecerá o mesmo e o loteamento dos cargos não sofrerá mudança significativa. Isso quer dizer que as indicações vão ser mantidas nos mesmos patamares com recuos discretos de despesas e avanços sutis na produtividade parlamentar.

Ainda neste campo, vale ressaltar que se em quantidade não haverá grande mudança, os “apadrinhamentos”, sim, serão modificados. Explica-se: no convencimento para ter o voto dos colegas está aberto o balcão de negócios. Todos os candidatos oferecem espaços e cargos dentro da inchada estrutura do Parlamento baiano.

Os espaços na Mesa Diretora trazem cargos e verbas de gabinete. A presidência de comissão, subcomissão, liderança de bloco e partidária, além de uma sem número de outros segmentos preenchem as prateleiras à mostra para os deputados discutirem. Outros espaços fora do Legislativo, mas dentro da órbita de interesse dos eleitores também são “argumentos”. Cargos em secretarias municipais e estadual, por exemplo.

No que se refere à conjuntura política está em jogo a estratégia eleitoral para 2018. Para a oposição, ter papel decisivo na eleição pode significar não apenas simbolicamente um prenuncio de vitória ao candidato do agrupamento, provavelmente o prefeito de Salvador ACM Neto, sob o governador e possível candidato à reeleição Rui Costa.

As arestas criadas dentro da base governista estão claras. Marcelo Nilo entrou em rota de colisão com o senador Otto Alencar e com o vice-governador João Leão. Na defesa dos interesses individuais ou partidários, o trio partiu para o confronto e o desgaste é evidenciado a cada entrevista.

O dia seguinte à eleição será de muita conversa entre os articuladores políticos do Palácio de Ondina, principalmente, o próprio Rui Costa e o agora secretário de Desenvolvimento Econômico Jaques Wagner. Caberá aos dois segurar o ímpeto do derrotado e encontrar uma solução para que cheguem todos juntos em 2018.

A eleição da Assembleia acontece no próximo dia 1°. O orçamento aprovado para o Legislativo em 2017 é de R$ 529 milhões.

Publicada originalmente dia 27

Classificação Indicativa: Livre

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