Política

Rui me estimulou a ser candidato a presidente, garante Ângelo Coronel

Publicado em 15/01/2017, às 15h06   Alexandre Galvão


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Candidato à Presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado Ângelo Coronel (PSD) afirma que o governador Rui Costa (PT) foi um dos entusiastas da sua candidatura. Ainda de acordo com o parlamentar, ele não quer o “fator desagregador” da base. 
“Na semana passada estive com ele a tarde toda no Palácio e, naquele momento, a única preocupação dele era que a base ficasse unida. Eu disse a ele que não seria fator de desagregação da base. Agora, claro, não dá para continuar nesse projeto de poder de perpetuação de Marcelo Nilo”, reclama. 
Filiado a um dos partidos mais importantes, hoje, no cenário político da Bahia, Coronel afirma que sua eleição não é um projeto prioritário do PSD e sai em defesa do senador Otto Alencar, seu presidente estadual. 
“Não, não é um projeto prioritário do PSD. A nossa candidatura nasceu depois de reuniões da nossa bancada. A nossa candidatura hoje é dos deputados. Se o PSD nos ajudar a ser presidente, claro, passa a ser também um projeto do PSD. Otto é um grande político, um grande amigo dos amigos. Querem colocar nele a pecha de homem de complô e Otto não é isso”, defendeu. Confira abaixo a entrevista completa.
Primeiro de tudo, queria que o senhor falasse como surgiu a vontade de tentar presidir a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). 
Olha, a grande bandeira da nossa entrada nesse processo é a perpetuação do poder de Marcelo no poder. A sociedade não aguenta mais. Hoje ele está quase igual a Assembleia da Piauí. A assembleia tem quadros suficientes para assumir a Casa, acho que esse é o momento certo. Teve Elmar, que não teve chance de ganhar. Na vida, tudo tem um limite. Na minha concepção, o tempo de Marcelo acabou. 
O atual presidente é da base do governo, o senhor também. Nilo fala muito abertamente que almoça com o governador e almoça com o prefeito ACM Neto, numa tentativa de mostrar boa relação com os dois. Qual será seu relacionamento com Rui e Neto? 
Estou até preocupado com o meu amigo, Marcelo. Comendo assim, vai engordar muito. A minha relação com o governador é muito boa. Sou do partido comandado por Otto. Gozo também da boa relação com o prefeito ACM Neto, sou deputado há seis mandatos e não tenho inimizade com ninguém. Não faço política com sectarismo, tenho boas amizades com colegas a nível estadual e federal do bloco liderando por ACM Neto. Ângelo Coronel é isso, não tenho inimizade com ninguém. Acho que amizade é um patrimônio e quero aumentar o meu a cada dia. 
Na condução da assembleia tem que saber equilibrar os interesses da assembleia, do governo e da oposição. Se o senhor se eleger, como fará? 
Olha, a nossa intenção é mudar a cara da Assembleia. Não podemos ter uma casa homologatória. Os deputados precisam debater os projetos. Os projetos não podem chegar e votar. Às vezes um membro da imprensa pergunta e a gente nem sabe explicar o projeto. Não serei um presidente para atrapalhar o governo da Bahia, mas também não vou ser um presidente que transforma a AL-BA numa secretaria de Estado. O parlamentar tem que ser valorizado. Me proponho a fazer um trabalho de valorização dos parlamentares. Vou fazer um trabalho para todos os colegas voltarem a sentir orgulho de ser deputado estadual. Hoje, a gente muitas vezes tem vergonha de usar o broche. Quero valorizar os deputados para que a sociedade possa voltar a se orgulhar dos seus representantes. 
O senhor falou aí de discutir os projetos. Uma reclamação recorrente é que o governo manda o projeto e já manda o pedido de urgência.
Se o senhor for presidente, isso vai acabar? 
Existem casos e casos. Se for realmente uma coisa de urgência urgentíssima, eu vou chamar os deputados e vou conversar. Agora, isso não pode ser uma praxe. Temos que separar os projetos que precisam ser céleres e os projetos que podem ter uma tramitação normal. Não podemos que a nossa Casa seja um rolo compresso na oposição e uma Casa homologatória dos interesses do Executivo.
Muito tem se falado das promessas. O que o senhor de fato prometeu ao governo e à oposição para a disputa da AL-BA?
Eu não prometi nada à oposição e nem ao governo. Eu faço uma campanha em que o deputado tem que ter o livre arbítrio para escolher o seu presidente. Forças externas são importantes para ouvir, mas elas não podem ser decisivas para escolher o novo presidente. Não adianta chegar lá e querer ser só o presidente da situação. Tem que ser da oposição e situação. A Casa são 63 membros, tem uma oposição combativa. Sou candidato das duas bandas. Claro, sou um candidato da base, quero que o governador me apoie, mas também espero que o prefeito libere a sua bancada para votar na gente. 
O PSD hoje, deputado, é o partido com mais prefeitos na Bahia. Tem senador, deputados estaduais, federais, ocupa espaços importantes na estrutura do governo... a sua eleição é um projeto prioritário do PSD? 
Não, não é um projeto prioritário do PSD. A nossa candidatura nasceu depois de reuniões da nossa bancada. A nossa candidatura hoje é dos deputados. Se o PSD nos ajudar a ser presidente, claro, passa a ser também um projeto do PSD. Otto é um grande político, um grande amigo dos amigos. Querem colocar nele a pecha de homem de complô e Otto não é isso. 
O governador tem dito que está conversando com os deputados candidatos. O senhor já conversou com ele quantas vezes e como foram essas conversas? 
Olha, a primeira vez que estive com ele há dois meses, ele não foi contrário ao nosso lançamento. Estimulou-me. Na semana passada estive com ele a tarde toda no Palácio e, naquele momento, a única preocupação dele era que a base ficasse unida. Eu disse a ele que não seria fator de desagregação da base. Agora, claro, não dá para continuar nesse projeto de poder de perpetuação de Marcelo Nilo.  
Todo dia os candidatos a presidente tem uma conta. Como está a conta do senhor agora? 
Eu não tenho conta. O presidente Marcelo um dia tem 60, um dia 51, um dia 32... eu sei do meu. Vou lutar para chegar beirando os 40, 45 votos. Isso eu sei.
Publicada originalmente dia 14

Classificação Indicativa: Livre

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