Política

Moro ordenou prisão de Odebrecht após emails que citam Jaques Wagner

Publicado em 05/07/2015, às 10h20   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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A troca de e-mails usada pela Justiça para prender Marcelo Odebrecht escondia a conexão da empreiteira baiana com uma figura da engrenagem da CUT e do PT: André Luiz de Souza, investigado por irregularidades em investimentos feitos com recursos do FGTS.
Nas mensagens, executivos da Odebrecht relatam ao empresário conversas com um certo André e chegam a mencionar um sobrepreço no contrato de operação de sondas da Petrobras.
Por conta desta citação, o juiz Sérgio Moro concluiu que o empresário sabia do suposto esquema de corrupção na estatal e mandou prendê-lo. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a Odebrecht informou que o sujeito do e-mail é André Luiz de Souza, dono da Ask Capital. Essa consultoria, na versão da empreiteira, representava grandes empresas interessadas em se instalar em um polo industrial ao redor do estaleiro Enseada Paraguaçu, que pertence a Odebrecht, UTC e OAS.
Quando os e-mails foram escritos, André Souza tinha dupla militância. De um lado, negociava a criação do polo industrial com as empreiteiras do estaleiro localizado no recôncavo. De outro, fazia parte do comitê de investimentos do FI-FGTS, o bilionário fundo que aplica recursos do trabalhador em projetos de infraestrutura.
Nos e-mails apreendidos pela polícia, os executivos da Odebrecht discutem segredos comerciais e mencionam, por siglas, o então governador da Bahia Jaques Wagner (PT) e a presidente Dilma Rousseff (PT). Ele é JW e ela, DR, segundo a Odebrecht.
Numa das mensagens, Marcelo pede aos executivos cuidado com o que falam para André porque iria "chegar ao ouvido de JW". Disse também que a conversa com DR tinha sido postergada. Interessado em ter um polo naval na Bahia, Wagner acompanhava o assunto de perto. Por isso, ficou enfurecido quando o Enseada perdeu o leilão do primeiro lote de sondas da Petrobras para o estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. Wagner já tinha tomado providências para garantir a rápida liberação de licenças ambientais tanto para o estaleiro quanto para o pólo industrial, que também teriam incentivos fiscais.
As mensagens descrevem ainda uma longa discussão a respeito do preço de sondas, com a participação de André. Até então, esses equipamentos eram comprados diretamente pela Petrobras. Para não aumentar a dívida da estatal, o governo decidiu criar uma empresa só para construir as sondas e alugá-las à Petrobras – a Sete Brasil.
Os estaleiros passariam a atender a Sete. Nas discussões da Odebrecht sobre o novo cenário, apareceu a menção ao sobrepreço apontado pelo juiz Sérgio Moro. Era uma jogada financeira do pessoal da Odebrecht para apresentar à Sete valores de construção mais baixos que o de concorrentes. Compensariam a diferença com aumento de até US$ 25 mil no valor de operação dos equipamentos, serviço que seria prestado por outra empresa do grupo. Naquele momento, no entanto, ninguém sabia se o modelo da licitação das sondas permitiria a tal compensação. Dois diretores da estatal, Guilherme Estrella (Exploração e Produção) e Renato Duque (Engenharia) divergiam a respeito dos preços. Duque está preso, acusado de receber propina das empreiteiras em troca de contratos na estatal.
O esquema de corrupção na Petrobras foi repetido na Sete Brasil, segundo o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Em depoimento, ele disse que os estaleiros pagaram propina pelos contratos de construção. Isso comprometeu os planos da Sete Brasil e dos estaleiros, que passaram a ter problemas financeiros. E levou quase ao naufrágio os planos da grande indústria naval brasileira de Dilma, do investimento na Bahia, do estaleiro da Odebrecht e dos negócios de André.

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