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EXCLUSIVO! Claudio Cajado critica Senado e revela que relatório do novo marco fiscal está pronto

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Relator do novo marco fiscal avalia que mudanças realizadas pelo Senado foram políticas e não técnicas  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Lula Bonfim

por Lula Bonfim

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Publicado em 07/08/2023, às 17h00



O deputado federal Claudio Cajado (PP-BA), relator do novo marco fiscal na Câmara dos Deputados, participou do BNews Entrevista na tarde desta segunda-feira (7) e criticou as mudanças realizadas pelo Senado Federal no projeto. Segundo ele, as decisões tomadas pelos senadores foram políticas e não técnicas.


Ele explicou que o novo marco fiscal foi criado para que o governo federal nunca gaste mais do que o arrecadado. Nesse sentido, no projeto aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados, a ideia foi incluir nas contas tudo aquilo que tivesse impacto no resultado primário, que é a diferença entre receita e despesa. O Senado, porém, atendendo a interesses políticos, excluiu alguns valores, abrindo brecha para que a gestão invista valores acima de sua arrecadação.


“O Senado colocou algumas emendas que desfazem esse conceito técnico da poupança fiscal e, principalmente, da garantia de que você vai ter todas as despesas na mesma base, excluindo o Fundeb [Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação Básica], o Fundo Constitucional do Distrito Federal e a Ciência e Tecnologia”, relatou Cajado.


As mudanças feitas pelos senadores geraram insatisfação em Cajado, que contestou a falta de critérios do Senado para a retirada de alguns pontos da base de gastos. Na avaliação do parlamentar baiano, todas as despesas precisam estar incluídas no cálculo, para garantir a eficiência da regra fiscal.


“Eu me insurgi contra essas modificações do Senado porque, ainda que haja legitimidade — eu não estou contestando aqui o Senado por ter tomado a decisão, eu respeito — porém eu discordo. Qual foi o critério utilizado para se retirar da base de gastos a Ciência e Tecnologia, o Fundeb, e não tirar o Bolsa Família? E não tirar a Saúde? Se for por critério meritório, nós tínhamos um série de outras ações que deveriam também estar fora da base”, argumentou Cajado.


“Eu penso que o critério tinha que ser, tecnicamente, aquilo que tivesse impacto no resultado primário. Repito: é despesa? É. Todas as despesas, por mais meritória que uma seja, se você escolhe uma e deixa a outra, você está sendo injusto. Então, eu preferi colocar todas no mesmo pé de igualdade e permitir que o governo tivesse a responsabilidade de priorizar as ações que julgasse mais importantes, mantendo uma política fiscal responsável”, continuou o deputado.


Ainda de acordo com Cajado, o relatório do novo marco fiscal já está pronto, com sua análise posterior às mudanças do Senado. O texto, porém, deve passar pelo colegiado de líderes da Câmara dos Deputados, para a construção de novos consensos antes da votação. O relator da proposta teme que a situação crie uma espécie de rixa entre as duas casas legislativas.


“Estou aguardando que o presidente Arthur Lira possa convocar o colégio de líderes, com a minha pessoa como relator, para apresentar o parecer — que já está pronto — para que os líderes decidam. Diferentemente da primeira votação na Câmara, nós não vamos apenas — penso eu — nos pautar pelo critério técnico, porque, na minha opinião, houve uma decisão política do Senado. E é legítimo que a Câmara também queira, ao invés da tecnicidade que foi atribuída ao meu relatório na Câmara quando votamos inicialmente, também um viés político”, ponderou Cajado.


“Eu vou submeter o relatório à decisão do colegiado de líderes e, diante da maioria ou do consenso deles, se tiver que haver alteração, eu não vou me colocar contrário”, concluiu.

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