Em entrevista ao Bocão News, Lula recua sobre Marina: vamos ter que disputar

Publicado em 04/09/2014, às 19h09 Juliana Nobre (Twitter: @julianafrnobre)

Quem esperou para ouvir o ex-presidente Lula, no comício da chapa governista, na noite desta quarta-feira (3), em Periperi, no Subúrbio Ferroviário, conseguiu se empolgar somente com o discurso do líder petista. Último a falar, o público gritou e vibrou com cada entonação da voz rouca do presidente de honra do Partido dos Trabalhadores.

Lula esperou João Leão, Jaques Wagner, Walter Pinheiro, Otto e Rui discursarem ao público tímido que foi à Praça da Revolução, em Periperi. No entanto, ao pegar o microfone, soteropolitanos e interioranos fixavam os olhos e os ouvidos atentos a cada palavra do ex-presidente. O petista disse que não falaria em obras, mas que emocionaria. Falou de sua história de vida, voltou ao discurso do ‘operário que chegou à Presidência’, e da importância de manter Dilma Rousseff à frente do país.

Mas ao falar do enfrentamento com a presidenciável Marina Silva (PSB), e se a sua apadrinhada venceria no primeiro turno, Lula foi mais comedido. “Aí vamos ter que disputar as eleições para saber”, disse à reportagem do Bocão News. Em pesquisa Datafolha, divulgada nesta quarta, já mostra um empate técnico entre Dilma e Marina. A petista está em primeiro lugar com 35% dos votos, mas a socialista tem apenas um por cento de desvantagem.

E quando o assunto foi Marina Silva, no palco, o governador Jaques Wagner também preferiu não atacar. Disse que, tanto Dilma como Marina foram alunas de Lula. “Elas são retadas. Pela primeira vez vamos ter duas mulheres disputando as eleições, que ajudaram a fazer o Brasil crescer. Na escola da política, as ex-ministras foram alunas de Lula e agora estão aí”. Porém não deixou de defender a sua candidata. “Mas meu voto é de Dilma porque ela é a mais capacitada para continuar fazendo o Brasil crescer”, reforçou.

O ex-presidente ainda chamou a atenção para Educação nos últimos anos. Para ele, a elite ainda deve ao povo brasileiro e é na escola que as diferenças serão extintas. “No dia em que o ajudante de pedreiro sentar ao lado do filho do patrão no curso de Engenharia vamos perceber que a mudança chegou”, disse.

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Lula enalteceu o governador Jaques Wagner e deu vestígios de quem pode ser o seu sucessor. Disse que já estaria velho para voltar a disputar as eleições, em 2018, mas que Wagner ainda tinha sangue novo. “Agora, enquanto eu tiver raça e forças para brigar, não vou permitir que aqueles que governaram 500 anos voltem ao poder”, completou.

O líder petista ainda falou sobre a influência dos meios de comunicação, comandados por famílias de políticos. “Antigamente, o coronel tinha uma fazenda, hoje ele tem um canal de televisão. Antes ele tinha um chicote, hoje ele tem um jornal. Com isso estão tentando fazer a cabeça das pessoas. Então temos que saber a diferença do que era a Bahia antes do ‘galego’ chegar”, referindo-se, carinhosamente, ao governador Jaques Wagner.

Sobre Rui, Lula falou pouco, mas defendeu o candidato como forma de não retroceder. "A eleição de Rui não é apenas um voto, é a oportunidade que temos que a Bahia não volte a ser governada por coronéis".

O petista só não deixou de atacar os tucanos, que criticam a deterioração da economia brasileira. Segundo ele, o Brasil continuou crescendo mesmo com a crise internacional. "É muito fácil controlar a inflação diminuindo o salário e aumentando o desemprego. O que é duro é você manter a inflação controlada, aumentando salário e gerando emprego como nós estamos fazendo”.

Fotos: Gilberto Junior // Bocão News

Matéria publicada originalmente às 00h01 de 4 de setembro de 2014

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