Direto de Brasília

Governo e oposição comemoram resultado de comissão de impeachment

Publicado em 11/04/2016, às 23h44   Luiz Fernando Lima (Twitter: @limaluizf)


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No saguão ao lado da sala da comissão que aprovou por 38 votos a 27 o relatório do deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff a confusão se alastrou. Dois grupos, um pró-impedimento e outro contra, passaram a tarde inteira gritando palavras de ordem. Quando os deputados começaram a sair, tão logo ser divulgado o resultado, a histeria tomou conta do lugar.
Deputados que votaram com o relator foram recebidos aos brados de “não vai ter golpe e golpistas não passarão” por um dos grupos. Os outros ovacionavam os mesmos parlamentares. Jovair foi o mais hostilizado. Por outro lado, os contrários ao processo, se inseriram na manifestação e saíram, mesmo após a derrota, comemorando.
Os dois lados contaram vantagem. Os apoiadores da presidente Dilma Rousseff tinham dois argumentos prioritários para justificar o otimismo, como avaliou o deputado Daniel Almeida (PCdoB), ao afirmar que se o resultado da comissão fosse projetado para o plenário os opositores não teriam os 2/3 (242 votos) necessários para o processo ser encaminhado ao Senado.
“A conta do governo desde o início era ter 29 votos. Tivemos dois a menos, pois o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) ficou doente e Bebeto Galvão (PSB-BA) não votou. Os suplentes optaram pelo impeachment. O governo tem hoje 185 votos assegurados e entre 60 e 70 flutuantes”, afirmou Almeida.
Já o deputado José Carlos Aleluia diz que a oposição trabalhava com 35 ou 36 votos. “Deu 38. A tendência agora é ampliar no plenário. A comissão foi escolhida a dedo. Nós tínhamos escolhido a comissão por eleição em plenário e eles foram ao Supremo. Nem assim conseguiram vencer. Eu acho que o governo vai ficar em 115 ou 120 votos”.
O deputado Jorge Solla (PT) insiste que a conta é outra. “Eles tiveram cinco votos a menos do que precisavam e três a menos do que diziam que teriam até o sábado”. A tese do petista é a mesma de Almeida. Ele projeto o percentual da comissão para o plenário. O chede do Gabinete Pessoal da presidente Dilma, Jaques Wagner também teceu comentários neste sentido.
Um dos deputados baianos mais entusiasmados com o resultado final da comissão foi João Gualberto (PSDB). Parlamentar em primeiro mandato, Gualberto foi um dos poucos membros da oposição que disseram que esperava entre 38 e 40 votos na comissão. “Mesmo o ex-presidente Lula oferecendo cargos para votar contra o impeachment e favor deste governo corrupto, os deputados sabem quando voltam para suas bases que devem seguir outro rumo. O desejo da população é tirar este governo corrupto que aplicou um golpe no povo brasileiro, pois foi a presidente Dilma que prometeu e não cumpriu”.
As teses estão postas e a disputa discursiva é essa. Cada um dos grupos puxa a corda para o seu próprio lado. O fato posto é que o parecer foi pela admissibilidade e seguiu para plenário onde será travada uma batalha narrativa com pouca chance de convencimento. As cartas ou estão marcadas, o que quer dizer que a maioria dos deputados já sabem como vão votar, ou o que está sendo negociado para “convencer” não será dito em plenário.
De um lado ou de outro. Seja, como foi dito por mais de um deputado à reportagem do Bocão News, pela oferta de cargos em um governo presente, seja num governo futuro de Michel Temer. Não é novidade que tem liderança partidária saindo do hotel onde Lula montou escritório e se dirigindo ao Jaburu, onde reside o vice-presidente. O leilão é de ambos os lados e não se vê ninguém a ser convencido por argumento jurídico.

Classificação Indicativa: Livre

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