Eleições na Argentina: Cientista político aponta vantagem de Javier Milei em segundo turno na Argentina

O cientista político Cláudio André de Souza, em conversa com o BNEWS, vê com preocupação a possibilidade de vitória de Javier Milei, candidato ultraliberal que disputa as eleições presidenciais argentinas, em um segundo turno, contra o atual ministro da Economia, o peronista Sergio Massa. Uma vitória de Milei pode alterar a forma de atuação da Argentina em blocos como o Mercosul. O segundo turno das eleições presidenciais argentinas ocorre neste domingo (19).

"Há o crescimento de uma candidatura na Argentina de extrema-direita que passou a ser apoiada por um campo da direita vinculada a uma perspectiva mais neoliberal. Do ponto de vista da geopolítica, o que preocupa [...] é exatamente a questão de que, na geopolítica, ele tem uma visão bastante crítica ao Mercosul e à liderança que o Brasil exerce na América do Sul. Ele é muito crítico ao papel e à linha que o Brasil exerce no âmbito da política externa, inclusive dialogando em torno dos interesses sulamericanos", analisou Claudio André de Souza, que é doutor em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e professor de ciência política da Unilab. 

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O professor destacou que uma possível vitória de Javier Milei ganha força a partir do apoio recebido de Patrícia Bullrich, que teve  23,85% no primeiro. "Isso obviamente que o coloca nas pesquisas que foram feitas até a semana passada em um cenário mais positivo, mais favorável a uma vitória dele como candidato", disse Cláudio André de Souza. O professor pontuou que o alinhamento em caso de vitória de Sergio Massa "é total". "Ele é peronista, tem uma relação muito intrínseca com o presidente Lula e, portanto, tem uma agenda posta de bastante alinhamento na política externa e de interesses comerciais dentro e fora do Mercosul", comentou o cientista político.

Cláudio André de Souza diz que o resultado das eleições argentinas neste domingo (19) terá implicações do ponto de vista das relações comerciais e territoriais também. "Tem havido uma relação comercial que é importante e relevante, principalmente do ponto de vista das trocas no comércio entre Brasil e Argentina. Por exemplo, os vinhos argentinos têm um amplo mercado, uma ampla aceitação no Brasil. Inclusive a relação de turismo: o Brasil recebe muitos turistas argentinos e também ocorre o contrário, [pois] o Brasil tende a ter uma relação turística com a Argentina", exemplificou.

"[É] uma eleição polarizada, em que, de fato, Milei começou como azarão e depois se estabeleceu como candidato a representar uma mudança para o eleitorado argentino. A expectativa no primeiro turno, inclusive, era que ele até pudesse vencer no primeiro turno. E aí a gente teve a virada de Sérgio Massa, mas esse apoio de Patricia Bullrich e do ex-presidente Maurício Macri acabam colocando ele em vantagem, algo que se reflete quando a gente vai analisar as pesquisas feitas até a semana passada", considerou Claudio André de Souza.