Política

ALBA entra em cena para por fim a torcida única nos BA-Vis; entenda

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Comissão de Desporto, Paradesporto e Lazer da ALBA promoveu audiência pública sobre o tema  |   Bnews - Divulgação NeusaCostaMenezes/AgênciaALBA

Publicado em 14/09/2023, às 15h20 - Atualizado às 18h45   Cadastrado por Eduardo Dias



Depois de 5 anos de restrições à presença de torcedores rivais nos estádios, a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) entrou em cena para tentar reverter a situação do retorno da torcida mista nos Ba-Vis em Salvador.

Por meio de uma audiência pública, promovida na quarta-feira (13) pela Comissão de Desporto, Paradesporto e Lazer, foi dado o pontapé inicial no que se refere à viabilidade relativa à volta das duas torcidas aos jogos entre Bahia e Vitória.

O colegiado é presidido pelo deputado Bobô (PC do B), ídolo do tricolor baiano e um dos responsáveis pela conquista do título nacional de 88. O encontro reuniu dirigentes de clubes de futebol, ex-atletas e representantes da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) e do Ministério Público estadual.

Segundo o Bobô, o objetivo do colegiado foi buscar caminhos para a retomada da convivência entre torcedores das duas principais equipes do Estado e reacender a rivalidade saudável e a paixão característica do clássico.

“São dois times no campo jogando, e nós queremos as duas torcidas acompanhando e vibrando pelos seus times. O estádio de futebol é pacificador. Mas quando a gente segrega, cria mais rivalidade. A Assembleia Legislativa, na verdade, veio provocar esse tema. É importante trazer esse assunto para que gerações futuras tenham socialização. Elas precisam sentar juntas, respeitando o sentimento uma da outra”, afirmou Bobô.

O tema surgiu na ALBA após uma apresentação feita pelo comandante do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos, o tenente-coronel da PM Elbert Vinhático. O militar apresentou imagens e manchetes de jornais que retrataram casos de violência no futebol.

As fotografias permitiram que o público presente recordasse momentos indesejáveis em que torcedores foram baleados; apedrejamento de ônibus que transportava a delegação de um dos clubes; casos de espancamento nos arredores do estádio, além de brigas entre torcidas organizadas.

Em seguida, o comandante também exibiu um vídeo através do qual contextualizou o BAVI do dia 9 de abril de 2017, que motivou a adoção da torcida única nos dias de clássico, em virtude de uma recomendação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

O que pensa os clubes e federação

Presidente do Esporte Clube Vitória, Fábio Mota afirmou ser a favor da torcida mista, e revelou que a agremiação tem investido em tecnologia para em um curto espaço de tempo apresentar melhores condições para realização de grandes eventos, incluindo o clássico com a presença da torcida rival.

“Hoje a gente precisa se aliar aos equipamentos de tecnologia. O Vitória já fez isso. Nós temos reconhecimento facial em todo o nosso estádio. Deveremos inaugurar isso em até 20 dias. Inclusive, vamos colocar à disposição da polícia militar. Eu acho que a instituição Vitória faz a sua parte para a sociedade”, afirmou.

O vice-presidente da Associação Civil Esporte Clube Bahia, Vitor Ferraz, pregou cautela acerca da volta da torcida mista. Ele lembrou o atentado ao goleiro Danilo Fernandes, em fevereiro de 2022, elogiou o trabalho da polícia ao identificar os vândalos, mas cobrou a adoção de medidas efetivas que reúnam condições para acabar com a torcida única nos estádios.

“O que foi feito para que nós, atores nesse processo, possamos ter a tranquilidade para decidir pelo retorno da torcida mista? Nós vamos nos responsabilizar por isso?”, questionou.

Segundo o presidente Federação Bahiana de Futebol (FBF), Ricardo Nonato, antes que ambas as torcidas possam compartilhar as arquibancadas, numa possível redefinição do cenário futebolístico da Bahia, vários fatores devem ser levados em conta. Nonato defendeu um alinhamento entre todos os segmentos envolvidos, e sugeriu a realização de um seminário com os principais atores sociais interessados, antes de definir qualquer ação.

“Não vamos ter pressa. Vamos seguir quem tem a expertise. Isso passa por um processo socioeducacional. Foge ao futebol. Precisamos entender o que nos trouxe ao contexto atual. Temos que parar e entender como voltaremos ao normal. Tudo isso com segurança. Somos a favor da alegria do futebol, mas primeiro somos a favor da preservação do ser humano”, afirmou.

A mesma proposta também havia sido apresentada pelo também deputado Diego Castro (PL), em fevereiro, solicitando uma audiência públcia para tratar do tema no mês de março.

“Entendo que a torcida única viola o artigo 10 do Estatuto do Torcedor, tal como direitos fundamentais e sociais consagrados na Constituição Federal, como a liberdade e o lazer. Pensando nisso, apresentamos logo no início do mandato um requerimento na Assembleia Legislativa em defesa da torcida mista, além de uma ação em face da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com o objetivo de reverter a atual situação em nosso estado. O nosso gabinete, além das diversas bandeiras que carregamos, atua pelo fim da torcida única nos clássicos entre Bahia e Vitória”, disse o deputado ao BNews.

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