Política

Mais quatro torturados depõem para a Comissão Estadual da Verdade

Imagem Mais quatro torturados depõem para a Comissão Estadual da Verdade
Depoimentos foram colhidos na segunda-feira  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 26/08/2014, às 07h19   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Carlos Valadares, Luiz Cayres Tunes, Luzia Ribeiro e Araken Vaz Galvão depuseram ontem (25) para a Comissão Estadual da Verdade da Bahia (CEV-BA). Médico, Carlos Valadares defendeu a punição aos torturadores que agiram durante a ditadura militar. Ele também afirmou que os documentos da Marinha, Exército e Aeronáutica durante o regime de exceção devem vir a público. “A gente precisa saber exatamente o que aconteceu”.

Os depoimentos vão constar no primeiro relatório da CEV-BA, que já ouviu cerca de 40 pessoas e recebeu mais de 600 documentos relativos a violações de direitos humanos no período do regime militar. O relatório será entregue ao governador Jaques Wagner em 10 de dezembro próximo, Dia Mundial dos Direitos Humanos.
Carlos Valadares foi preso e torturado em 1969 por ser militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Em 1975, exilou-se na Suécia e concluiu o curso de medicina. Em 1980, retornou ao Brasil, fixando residência em Salvador, onde é médico do trabalho.

O segundo a depor nesta segunda-feira foi Luiz Cayres Tunes, que presidiu o Centro Acadêmico Teixeira de Freitas da Universidade Católica de Salvador (UCSal). A prisão dele ocorreu em Ibiúna (SP), no 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no mês de outubro de 1968. Em 1969, teve os direitos políticos suspensos durante dez anos supostamente por causa da “periculosidade contagiante”, segundo o inquérito.

Preso novamente em 1978, Luiz Tunes, como relatou, permaneceu durante cinco dias algemado (até para dormir) na Delegacia da Polícia Federal, por ordem do então superintendente regional da PF, coronel Luiz Arthur de Carvalho.

Rosto deformado
Luzia Ribeiro, militante do PCdoB que participou da Guerrilha do Araguaia junto com mais dez baianos, foi presa em maio de 1972 e sofreu tanta tortura do Exército, que “me olhava no espelho do Hospital Militar de Brasília e não me reconhecia, de tão deformada que estava”. Presa no Pelotão de Investigação Criminal do Exército, em Brasília, era retirada da cela durante a madrugada para ser torturada.
O último depoimento foi prestado por Araken Vaz Galvão, atual presidente do Conselho Estadual de Cultura, que foi colega de farda e companheiro de militância política de Manoel Raimundo Soares, sargento do Exército morto por agentes do sistema repressivo estatal, em agosto de 1966, após cinco meses de torturas, no episódio conhecido como “caso das mãos amarradas”. 
Preso no final de 1964 e novamente em 1967, ele conseguiu fugir da Fortaleza de Santa Cruz, na Baía da Guanabara, asilando-se na Embaixada do Uruguai, na capital fluminense, onde permaneceu por cerca de um ano, até ser concedida a condição de asilado político, quando foi para Montevidéu. Araken viveu no exílio por 11 anos e retornou ao Brasil após a redemocratização. As informações são da Secom BA.

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