Reforma política e a lista fechada

Como cidadão, homem oriundo das classes populares, exercendo meu segundo mandato nesta Casa Legislativa, preocupa-me a forma como vem sendo encaminhadas as proposições sobre a reforma política em curso no Congresso Nacional. A chamada lista fechada não tem encontrado consenso entre os congressistas por força do seu caráter polêmico e restritivo, se observar o texto que trata dos direitos do cidadão no âmbito do horizonte constitucional. 

É de fácil entendimento que a lista predeterminada pelo partido se constitui numa vergonhosa e torpe ferramenta que cassa o direito do eleitor de escolher, de forma nominal, o seu representante a deputado e a  vereador. Mesmo porque, trata-se de uma reforma engendrada para beneficiar as oligarquias partidárias, com a anuência de alguns cidadãos incautos. Caso se torne realidade a proposta da tal lista fechada, sepulta-se a possibilidade de homens e mulheres das camadas populares chegarem as instancias do poder em nosso pais. Assim, dificilmente este missivista – vereador eleito por comunidades periféricas da cidade do Salvador, como tantos outros – voltará a ter assento nesta Casa Legislativa.

As listas fechadas para eleições proporcionais subtraem o poder do eleitor, pois o mesmo será campelido a votar em uma relação de candidatos, cuja ordem vai ser definida por uma elite partidária. Não é preciso fragilizar o instrumento do voto para fortalecer os partidos. Entendo que podemos reforçar a representação, respeitando a vontade do eleitor a partir da instalação da fidelidade partidária, ampliando o tempo de permanência do parlamentar no partido pelo qual foi eleito.

Caminhando nesse sentido e cogitando a possibilidade da adoção do voto distrital misto, implantado a partir de amplos e profundos debates, o eleitor se aproximaria ainda mais dos seus representantes. Não queremos, a curtíssimo tempo, ter o dissabor de ser vassalos das futuras dinastias políticas.

* Lau é vereador de Salvador pelo PP