Exaustiva audiência do MPL na Assembleia vira palco político
Publicado em 09/08/2013, às 16h31 Fabíola Lima (Twitter: @fabiolalimaa)
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A audiência pública proposta pelo Movimento Passe Livre (MPL), em Salvador, iniciou às 14h40 na Assembleia Legislativa da Bahia (AL), no Centro Administrativo, nesta quinta-feira (8) e teve a presença de deputados, representantes do governo e Ordem dos Advogados da Bahia (OAB), além de integrantes do MLP.
Entretanto, o que sugeria uma discussão sobre a mobilidade urbana, abertura da caixa preta do famigerado metrô e a pauta do movimento – ato proposto pelo MPL, se tornou palanque político para deputados e debate sobre problemas evidentes na capital baiana.
Na mesa do plenário, presidida inicialmente pelo deputado Marcelo Nilo (PT), estiveram Domingos Arjones Abul, representando a OAB; José Lúcio Lima Machado, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder); Ana Cláudia Nascimento, diretora de Mobilidade Urbana da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur); Rafael Pulgas, psicólogo e representante do MLP e o vereador Waldir Pires (PT).
No início do ato na AL, representantes do governo à mesa se pronunciaram expondo estratégia de governo para implantação do metrô usando um slide e integrante do MPL tiveram a opticidade de explanar conteúdo de reivindicação.
Entre um pronunciamento e outro, mais de dez deputados usaram da democracia para, também, fazerem seus pronunciamentos pouco comprometedores. E “parabéns” ao movimento – pela iniciativa de luta, foi frase carimbada por todos os parlamentares antes de deixarem a Casa sorrateiramente. Entre os deputados estavam Zé Neto (PT), Capitão Tadeu (PSB), Marcelino Galo (PT) Maria Del Carmem (PT e J. Carlos (PT), entre outros.
Para o presidente da AL, Marcelo Nilo, o debate é valido. Mas, fez questão de ressaltar que este é um problema de responsabilidade da prefeitura e jogou a bomba no colo de ACM Neto (DEM). “Eles estão na casa do povo. A discussão sobre mobilidade na assembleia é valida, mas é importante ressaltar que este é um problema do âmbito municipal. O que o governo tem feito são obras para viabilizar a mobilidade urbana. Após debate espero que consigam encontrar um denominador comum”, disse Nilo que saiu “à francesa” da mesa que presidia. Na ausência do petista, o posto de mediador foi ocupado pelo deputado Yulo Oiticica (PT) e, em seguida, por Álvaro Gomes (PCdoB).
O exaustivo debate que ultrapassou mais de cinco horas de diálogo teve espaço para críticas, questionamentos, campanha indireta, desabafos e até salto mortal. “É importante que se crie uma estrutura tributária que viabilize a tarifa zero para toda a população. Este não é um movimento estudantil, é uma luta por uma causa coletiva. Quem deve arcar com a tarifa é quem lucra por ela”, disse Marcos Grito, bacharel em relações públicas, professor de escola pública e membro do MPL.
Decepcionada com o comportamento dos políticos na Assembleia e Câmara Municipal, a funcionária pública Cláudia Garcia, 40, membro do MPL, disparou contra deputados e vereadores. “O que vejo aqui e na Câmara é uma falta de respeito. Lá, o vereador Léo Prates teve o descomprometimento de fazer chacota com o movimento que acampa na Casa. Aqui, vejo vereadores discursando diante de um problema grave e saindo e outros nem mesmo apareceram. Mas, se eleição fosse amanhã (na sexta-feira), quem sabe. Este é um sistema operacionalizado em volta do capitalismo e não em prol dos problemas sociais”, lamentou a militante.
Conhecido pelos depoimentos polêmicos, o deputado e pastor Isidoro (PT), além de parabenizar o movimento, denunciou os colegas e surpreendeu. “O MPL é um movimento legítimo e não precisa de partidos. Os políticos estão nas mãos dos empresários, o que dificulta o trâmite dos processos”, disparou o petista que, antes de concluir o discurso brincou com os militantes e ainda deu três saltos mortais para traz mostrando que estava apto a participar das lutas em prol do coletivo.
Por fim, o debate foi concluído por volta das 20h30 e o último presidente que gerenciou a audiência pública, Álvaro Gomes, se comprometeu em levar os pontos discutidos para o governado Jaques Wagner, que já tem encontro marcado com o MPL esta sexta-feira.
Para Grito, o salto foi positivo apesar de não haver um avanço considerável. “Uma assembleia como esta é válida para que os ítens em pauta do MPL sejam discutidos. Mas, é ciência que não há poder deliberado para os que estavam ali prover soluções. O tema que envolve a abertura da caixa preta do metrô requer a presença dos dirigentes do município. A expectativa é que o cenário apresente mudanças após encontro do governador com comissão do movimento”, finalizou.
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