Tão sem papas na língua quanto Zé Neto, a deputada petista Luiza Maia respondeu às justificativas do colega de Assembleia Legislativa, que se recusa a levar adiante sua proposta de montar na Casa a CPI do tráfico de pessoas. A parlamentar alega que não consegue enxergar nenhum motivo factível que possa justificar a postura do líder do Governo e que, na sua opinião, Zé Neto faz contra ela uma espécie de “perseguição política”. Luiza enxerga a atitude porque sequencialmente diz ter seus projetos, sugestões e debates desqualificados pelo parlamentar feirense, que além de se colocar contra a CPI também não apoiou o projeto da Lei Antibaixaria, aprovado no ano passado. “Eu acho que ele tem alguma cisma comigo. Não é nada pessoal, porque não sou amiga do deputado Zé Neto, não temos nenhuma relação pessoal. Ele quer me tirar por ele. Ele é líder, então que se coloque como líder”, criticou.
A deputada diz também que continuará a defender suas bandeiras na Assembleia e alega não ter se arrependido nas vezes em que se colocou contra o governo em questões polêmicas, notadamente no episódio relativo à greve dos professores de 2012. Na ocasião, Luiza Maia disse ter votado contra a base porque não estava sendo ouvida pelos pares e também considerou a condução do movimento errada.
Desafiadora, a parlamentar disse não ter medo do colega, nem da liderança e nem mesmo de uma eventual perseguição do governador Jaques Wagner. Zé Neto, porém, foi o alvo preferencial das explicações. “Eu não tenho medo do machismo de Zé Neto, do descaso de Zé Neto e da sacanagem que Zé Neto faz com o movimento reivindicatório das mulheres. Ele é um machista e não quer reconhecer isso. Se não quer apoiar a CPI do tráfico de pessoas, que tenha a coragem de dizer porque de verdade”.
No tocante às alegações do líder para com os motivos práticos da CPI, Luiza Maia alega ter enviado para o deputado um documento completo com lista de casos-chave para que a comissão fosse instalada. Portanto, no seu entendimento, Neto está sendo “contraditório” ao alegar que não há fatos para embasar a investigação. Além disto, o caráter silencioso do tráfico não pode ser tomado como desculpa para que não haja um movimento para contestá-lo, argumenta a petista.
A decisão sobre a instalação ou não da CPI do tráfico de pessoas na Bahia ficará provavelmente para a terça-feira que vem. De acordo com o regimento, as proposições de investigações podem ter votação em plenário para indicação de integrantes ao grupo quando não há a indicação por parte das lideranças. O movimento burocrático é o último esperado pela parlamentar para o início dos trabalhos.
Nota originalmente postada às 13h do dia 14