Horas antes da aprovação do projeto de lei que reajusta os salários dos servidores do Estado em 3,8%, a partir de 1º de julho, trabalhadores ironizavam o discurso do líder do governo na Assembleia Legislativa, José Neto (PT), em conversas discretas: Zé Neto está dizendo que teve categoria com mais de 40% de ‘ganho real’, não sei qual. A minha mesmo não teve.
Embora o clima não estivesse dos piores, a “troca de ideias” nos corredores reflete um descompasso entre o que os defensores do governo afirmam que estão fazendo e aquilo que os servidores estão “sentindo na pele”. Em entrevistas recentes, os governistas defendem a política de formulação dos planos de cargos e salários, das negociações e ganhos setoriais como algo “nunca antes visto no estado”.
Contudo, a sensação é de que discurso e conta bancária não dão “liga”. Zé Neto sustentou os números e a política de valorização das carreiras. Professores vão chegar em 2014 com 54% de ganhos reais, conforme o petista. Policiais militares já estão com 66% e devem chegar no último ano de governo Jaques Wagner com 100%. Ainda segundo o feirense, enfermeiros e técnicos da área da Saúde também superarão a marca.
“Tinha médico ganhando em torno de R$ 1,4 mil. Agora, recebem mais de R$ 5 mil”
.
Texto enviado à imprensa pela assessoria do parlamentar destaca as realizações:De acordo com Zé Neto, no acumulado dos últimos sete anos, quem menos recebeu reajuste auferiu em torno de 30%.
Segundo o parlamentar, fruto das negociações entre Estado e servidores, foi possível oferecer, de 2007 a 2013, ganho de 45,99% aos professores. “E vamos chegar a 2014 com 54,6%, oito vezes mais do que foi aferido por estes trabalhadores no período de 1999 a 2006, quando foi dado apenas 6,67%”.
Ele também citou o caso dos cabos e soldados da Polícia Militar, que chegarão a 2014 com 100% de reajuste real, cinco vezes mais do que foi dados nos oito anos da gestão passada. Os peritos criminalistas vão aferir, já este ano, 69,13% de ganho real e os investigadores em torno de 61%. Já os médicos irão chegar ao fim do ano com reajustes da ordem de até 230% acima da inflação.Aprovação
Novamente a bancada de oposição obstruiu a votação utilizando os tempos regimentais para apontar as falhas no projeto do governo. No entanto, em número insuficiente, restou aprovar a proposta que completa a recomposição salarial. Os servidores terão, a partir de 1º julho, os 5,84% de reajuste.
Os 3,88% suplementa os 2%, retroativos a 1º de janeiro, concedidos com a aprovação do projeto pelo Alba na última terça-feira (14). Assim, o reajuste vai chegar a 5,84%. Esta reposição será adicionada aos ganhos específicos das categorias, discutidos nas mesas de negociações, previstos para 2013.
“O reajuste aprovado foi tema discutido com as organizações representativas dos servidores que esse ano sentaram com lucidez e tranquilidade conosco e conseguiram chegar a um consenso na negociação que era a possível de ser feita. Com certeza, seremos ao fim deste ano, um dos poucos Estados que tiveram a garantia do ganho, pelo menos inflacionário, linear e, além do linear, nós mantivemos as negociações paralelas com as categorias".
