O segmento da ciência, pesquisa e inovação no estado vai receber um investimento de R$ 35 milhões com o lançamento de sete editais, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), órgão da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). O lançamento aconteceu nesta terça-feira (13), na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), no Centro Administrativo da Bahia.
Na ocasião, foi assinado também um termo de cooperação entre a Fapesb e a Unigel, maior produtora latino-americana de acrílicos e estirênicos, e lançado o segundo livro Baía de Todos os Santos. Um exemplar da publicação foi entregue ao governador Jaques Wagner pelo secretário da Secti, Paulo Câmera, e pelo diretor-geral da Fapesb, Roberto Paulo Machado.
Segundo o governador, é preciso conhecer bem o estado e toda a sua diversidade. “Somos um contingente que vai de A a Z, formado por empresas como a Braskem e a Ford, que desenvolveu aqui em Camaçari seu carro mundial com o trabalho de mil engenheiros, e também por 650 mil famílias que vivem da agricultura familiar. É preciso ter esse olhar e saber que inovação para a indústria petroquímica é uma coisa, mas que para os agricultores familiares pode ser o acesso à água, à energia, a melhora de uma matriz animal ou algo desse tipo”.
Câmera disse que os editais fazem parte de um programa geral da política do Estado para que diversas áreas, principalmente as especializadas em pesquisa e desenvolvimento, se integrem e promovam um novo instante de desenvolvimento na inovação. “O
Parque Tecnológico e esses editais têm um significado importante. Estamos trazendo as empresas, como a Global Energia, para participar do novo hábito de fazer pesquisa aplicada. Ou seja, investir em pesquisas que levem produtos para a sociedade, gerando empregos mais qualificados e com salários que dignifiquem esse novo trabalhador da Bahia, o pesquisador”.
Investimentos em 2012 devem chegar a R$ 120 milhões
Para este ano, de acordo com o diretor-geral da Fapesb, estão previstos 30 editais. “Seis já haviam sido lançados e, com mais esses sete, já são 13 editais voltados para a ciência, tecnologia e inovação em 2012. O volume de fomento estimado para este ano é de R$ 90 milhões, somados a outros R$ 30 milhões que devem ser investidos no processo de formação de pesquisadores, por meio de bolsas”.
Machado afirmou que a Bahia tem crescido muito na área científica e isso se reflete não só na quantidade, mas também na qualidade dos projetos submetidos à Fapesb. “Hoje, temos um volume de demanda qualificada nos nossos editais, praticamente duas vezes mais do que os recursos ofertados”. Ele explicou que na inovação a Bahia ainda tem uma demanda baixa, “não pela falta de recursos, que existem, mas pela qualidade das instituições e pelos hábitos dos empresários, que não têm um perfil inovador. Com essa assinatura hoje com as empresas, estamos tentando romper essa inércia institucional, porque a inovação se dá basicamente na empresa”.
Os editais Baías da Bahia e Portal do Sertão são emblemáticos para o diretor-geral, que acha que eles vão fazer parte do processo de transformação do estado. “Temos o edital de jogos eletrônicos e cluster, área na qual a Bahia tem um grande potencial. Queremos produzir equipamentos eletrônicos de multimídia que possam ajudar os alunos na escola. Na área de inovação, temos os editais da Global Energia e o da pesca e aquicultura. A Bahia tem uma grande costa e estamos com esse plano de transferência de tecnologia para o setor pesqueiro”.
Integração da comunidade acadêmica
A reitora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Dora Leal, declarou que os editais trazem inúmeros benefícios para a comunidade acadêmica. “Primeiro, um aporte significativo de recursos para que se possam fazer pesquisas. Depois, a possibilidade de interação das comunidades universitárias. Nesse sentido, esses editais trazem uma inovação muito interessante, a exigência de que a instituição que propõe o projeto trabalhe em rede, com duas outras. Isso vai fortalecer a Ufba e as demais universidades. Grande avanço”.
O presidente do Centro de Tecnologia da Unigel, Luís Pontes, disse que se a empresa não tiver tecnologia e inovação, não vai conseguir competir no mercado. “Ela tem seus próprios engenheiros, investe e tem seu centro de pesquisa, mas precisa fazer parcerias com as universidades para poder crescer mais rápido. A intenção é fazer uma troca. Vamos oferecer bolsas de pesquisa, material de consumo e equipamentos para o desenvolvimento desses estudos”. O objetivo desse acordo é o lançamento de editais para seleção de propostas de pesquisa nas áreas de metacrilatos, fertilizantes à base de sulfato e amônia, novos plásticos e coprodutos de estirênicos.
Essa interação entre a Fapesb e a Unigel, mais do que um esforço pela inovação, tem como objetivo promover o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a sustentabilidade econômica e ambiental.
O presidente da Academia Baiana de Ciência e ex-governador da Bahia, Roberto Santos, destacou que “a Bahia tem procurado e conseguido crescer nesse segmento que nem sempre foi a mais alta prioridade para o Estado. Esses editais estão mostrando a grande importância que o governo está dando para que se possa avançar mais nessa área e proporcionar melhor qualidade de vida para a população”.
Foto: Manu Dias // Secom
