Política
Publicado em 08/03/2021, às 13h06 Raul Aguilar
Deputados federais criticaram as declarações do ministro da Cidadania, João Roma, acerca das medidas de restrição adotadas por estados e municípios. Em entrevista à Jovem Pan, o ministro criticou “algumas medidas exacerbadas que têm acontecido no Brasil'', em referência ao lockdown decretado por governadores e prefeitos.
“Os gestores ficam muito açodados com o que ocorre. Há obviamente uma comoção pela quantidade de mortes, pelo que ocorre no Brasil inteiro, mas precisamos valer a nossa Constituição, ter muita serenidade e cooperação”, indicou Roma.
O discurso do ministro da Cidadania é considerado por parlamentares como um afago ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que tem feito duras críticas às medidas de restrição social para conter o novo coronavírus. Bolsonaro chegou a dizer que o governador que decretar lockdown no período de vigência do auxílio emergencial terá que custear o benefício.
“O governo e seus ministros deveriam providenciar a vacinação de toda população brasileira, vacinação que deveria ter iniciado em dezembro. Os EUA tiveram uma redução grande da morte dos grupos de risco por causa da imunização e o Brasil deveria estar no mesmo caminho. Qualquer outra discussão, de apoio ao presidente, contra lockdown, que é de fato uma medida extrema, mas foi adotada pelos leitos de UTI estarem com quase 100% de ocupação, e nesse caso tem que ter medidas extremas, mesmo”, destacou o deputado federal Félix Mendonça Jr. (PDT), que perdeu o pai por conta da Covid-19, o ex-deputado federal e prefeito de Itabuna, Félix Mendonça.
O deputado federal do PDT avalia que é o momento de deixar de lado os “discursos extremistas contra medidas sanitárias” e focar nas ações para ampliar o processo de vacinação: “vamos partir para vacina, comprar, mostrar que comprou, que está vacinando, esse é o papel do governo federal”.
Bolsonarismo
O deputado federal Bacelar (PODE) é outro a indicar que o trabalho do governo federal deveria focar no processo de vacinação, que ainda é “deficitário no Brasil”, que conta com menos de 10 milhões de habitantes vacinados, de um total de 211 milhões. “O bolsonarismo é contagioso", afirmou, em tom de ironia, o parlamentar do Podemos Bahia ao saber do comentário feito pelo ministro da Cidadania recém-empossado.
"Não é possível que na situação de descontrole que estamos vivendo, onde falta coordenação nacional e sobra negacionismo e contestação da ciência, um integrante de um alto cargo do governo federal, em vez de estar preocupado com a grave questão da vacina, que pode levar centenas de milhares de brasileiros à morte; esse ministro venha ficar incentivando o conflito, a contestação, trazendo para agenda pública matérias diversionistas”, criticou Bacelar.
A avaliação do parlamentar do Partido dos Trabalhadores, Zé Neto, é de que o governo federal e o ministro da Cidadania deveriam estar construindo pontes para superar o momento crítico que o Brasil enfrenta com o acirramento da pandemia da Covid-19, e não ficar alimentando um conflito entre o setor produtivo e o campo da política.
“As atitudes dos prefeitos e governadores são de quem está resistindo à política governamental federal que não pegou para si o comando. O pior que tem nessa crise, é a falta de comando do governo federal. O Brasil é o único país do mundo que não vai encontrar um líder que diga: “vou me vacinar, usar máscara e não vou aglomerar”. Acho que Roma, com quem tenho uma relação boa, pode ajudar ao falar menos das medidas corretas pelos municípios e estados. Ele pode, ao invés de apostar no conflito entre o setor produtivo e governos, ajudar o setor produtivo a enfrentar a crise”, destacou o deputado federal do PT.
Zé Neto avalia que ao invés de incentivar “atitudes inconsequentes”, como tem feito o presidente da República, “ao mandar o povo ir para rua sem o auxílio”, ele pode junto com Bolsonaro trazer de volta o Pronamp e a programa de redução da jornada de trabalho e salário com subsídios federais, e a sancionar com urgência o PL de socorro ao setor de eventos e o auxílio emergencial.
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