Política

Entidade indígena reclama do MS por não divulgar número de vacinados

Marcos Fabrício / Prefeitura de Maricá
No Amazonas, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), quase 15 mil foram vacinados  |   Bnews - Divulgação Marcos Fabrício / Prefeitura de Maricá

Publicado em 31/01/2021, às 12h45   Redação BNews



A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) contestou a falta de transparência do governo na divulgação do total de indígenas vacinados no país.

Enquanto os casos do novo coronavírus são expostos em boletins epidemiológicos atualizados diariamente, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, não tem dado publicidade aos dados referentes à imunização, segundo apurou à revista Época.

O monitoramento fica a cargo de cada Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), também atrelados à pasta, mas nem todos têm consolidado os dados periodicamente. O painel de vacinação do Ministério da Saúde aponta que pouco mais de 19 mil indígenas foram imunizados até o último dia 28, número bem defasado em relação à realidade.

"A gente fez um monitoramento diário dos casos de Covid-19 bem importante. Com isso, pressionamos inclusive para estarmos no grupo prioritário da vacinação. Só que agora, com a vacina, não estamos conseguindo ter esse acompanhamento, esses dados não estão sendo disponibilizados", disse a deputada federal Sonia Guajajara, coordenadora-executiva da Apib.

De acordo com o ministério, a inexistência de um levantamento preciso até agora se deve a problemas de logística enfrentados pelas equipes dos DSEIs, responsáveis pela vacinação dos indígenas. Isso porque, conforme a pasta, alguns deles lidam com obstáculos de estrutura, como a falta de internet em determinadas localidades. Em casos específicos, a previsão é de que a organização dos dados demore cerca de um mês.

"Por se tratar de um processo de vacinação em massa em locais de difícil acesso, e alguns sem comunicação via internet, a atualização dos dados dos aldeados leva mais tempo em comparação à campanha nas áreas urbanas", justificou, em nota, o ministério.

Boletins

Alguns DSEIs têm divulgado boletins em redes sociais ou repassado a Secretarias Estaduais de Saúde, que concentram as informações. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, mais de 18 mil indígenas foram vacinados, o que representa cerca de 39% dos que serão contemplados nessa fase. O Ministério Público Federal (MPF-MS) recomendou nesta quinta que a União cadastre todos os indígenas dos municípios sul-mato-grossenses para imunização, inclusive os que residem em cidades.

No Amazonas, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), quase 15 mil foram vacinados. Já o DSEI de Alagoas e Sergipe informou que 3.223 receberam a primeira dose, o equivalente a 40% dos que compõem o grupo prioritário. Pelo plano nacional de imunização, apenas indígenas que vivem em aldeias demarcadas têm direito à vacina nesse momento.

A estimativa é de que 410 mil indígenas e 20 mil profissionais de saúde que os assistem sejam imunizados. Segundo o Ministério da Saúde, 907.200 doses foram enviadas aos DSEIs, que fazem o transporte até as mais de seis mil aldeias brasileiras, com apoio das Forças Armadas.

Guajajara reconhece a dificuldade logística e de alimentação da base de dados, mas cobra um esforço das autoridades para maior transparência e celeridade. Segundo ela, a escassez de informações prejudica o controle da Apib para pleitear a imunização ampla e saber de fato quantos e quais povos precisam da vacina.

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