Política

Planalto adota cautela com Blairo para blindar Temer em expectativa de denúncia

Imagem Planalto adota cautela com Blairo para blindar Temer em expectativa de denúncia
As acusações formais da PGR têm como bases as delações de executivos da JBS e do corretor de valores Lúcio Funaro  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 14/09/2017, às 14h43   Folhapress



Apesar de reconhecer que as acusações de obstrução de Justiça contra o ministro Blairo Maggi (Agricultura) sejam graves, o Palácio do Planalto decidiu adotar cautela em relação ao caso para proteger o presidente Michel Temer por tabela. 

O governo quer dar tempo para que o ministro se explique e vai levantar dúvidas sobre a delação premiada que embasou a operação de busca e apreensão em endereços ligados a Blairo nesta quinta-feira (14). Assessores presidenciais afirmam que não há perspectiva de que o ministro deixe o cargo. 

O comportamento do Planalto é uma tentativa de blindar Temer, uma vez que o próprio presidente deve ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nesta quinta, pelo mesmo crime imputado ao ministro da Agricultura. 

O discurso de auxiliares do presidente é de que a atuação de procuradores, delatores e até do Judiciário contra integrantes do governo é questionável e, portanto, não deve haver pré-julgamento enquanto houver pontos não esclarecidos sobre esses processos. 

DELAÇÃO  — Blairo é acusado de fazer pagamentos ao ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes para que ele mudasse um depoimento para inocentá-lo em um processo judicial. Segundo o ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), há "veementes indícios" de que o ministro tenha cometido crime de obstrução de Justiça. 

As investigações sobre o caso contaram com uma delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que sucedeu Maggi na gestão de Mato Grosso. 

Nesta mesma quinta (14), a PGR deve apresentar ao Supremo uma nova denúncia contra Michel Temer, por obstrução de Justiça e organização criminosa. 

O crime de obstrução é caracterizado no episódio em que Temer, segundo o procurador-geral Rodrigo Janot, deu aval para Joesley Batista, da JBS, comprar o silêncio do corretor Lúcio Funaro e do ex-deputado Eduardo Cunha. A organização criminosa está na atuação da chamada "quadrilha do PMDB da Câmara". 

As acusações formais da PGR têm como bases as delações de executivos da JBS e do corretor de valores Lúcio Funaro. Temer tenta desqualificar esses acordos desde que foram reveladas suspeitas de envolvimento de um procurador com a JBS, no curso das negociações da delação do grupo.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp