Na tentativa de "calar a voz da oposição”, a mais recente manobra da Prefeitura de Brejões teria sido a interrupção da transmissão sonora, pelas ruas do município, das sessões semanais da Câmara de Vereadores. É o que afirma a vereadora Núbia Brandão (PR), que criticou ontem a adoção dessa medida e apontou uma série de irregularidades na gestão do atual prefeito, Alan Andrade Santos (PCdoB). “O som na rua foi implantado há 10 anos. Antigamente a democracia prevalecia. Até então nenhuma administração havia permitido um absurdo desse”, bradou.
De acordo com a vereadora, a transmissão foi suspensa por decisão de sete dos nove vereadores do município. “O presidente da Câmara de Vereadores, Gilvando Almeida, combinou tudo com os vereadores da base aliada. O vereador Jorge Luiz Magalhães chegou até a ironizar, dizendo que a maioria é que vence”, comentou a vereadora, que compõe a base de oposição juntamente com o vereador Antônio Almeida (PP).
Dentre as “irregularidades” apontadas por Núbia Brandão, destaca-se o sucateamento da saúde em Brejões. “No mesmo prédio do posto de saúde Erotildes Novaes, funcionam, equivocadamente, dois postos do PSF. E lá faltam médicos, medicamentos e equipamentos, sem falar que a estrutura física está em decadência, com mofo nas paredes e precisando de reforma”, revelou.
O posto de saúde fica no KM 100 do povoado de Brejões, a 25 quilômetros de distância do centro município. Quando um dos 17 mil habitantes de Brejões necessita de internamento, tem que se deslocar para o Hospital Joana Cajaiba de Andrade, no Centro. E a unidade, segundo a vereadora, também está em condições de abandono. “Não faz exames como raios-X, eletrocardiograma. É preciso que o paciente saia em busca de assistência em Salvador, Amargosa ou Jequié”, conta Núbia, salientando que existem materiais hospitalares abandonados em prédios escolares da zona rural.
Conforme o vereador Antônio Almeida, a atual gestão está prejudicando a população em diversos aspectos. Para se promover politicamente nas eleições de 2010, por exemplo, permitiu que fossem instalados postes de energia no local em que estão sendo construídas, desde 2005, casas populares. As obras se arrastam e, mesmo antes de elas terem terminado, os moradores beneficiados receberam fatura para o pagamento da conta de energia. Quem não arcou com a despesa, ficou com o nome “sujo”, no SPC.
Outro problema seria a execução da reforma de uma creche. Foram gastos R$ 120 mil, montante que, segundo a vereadora, seria suficiente para erguer outra unidade e em um lugar melhor. “Sem falar que existem várias obras paradas. Através de emenda da deputada Alice Portugal, foram liberados R$ 600 mil para a construção de uma creche no KM 100 do povoado de Brejões. Os trabalhos começaram em junho do ano passado e deveriam ter terminado em dezembro. O Ginásio de Esportes, por sua vez, já deveria ter ficado pronto, mas até hoje também não foi concluído”, disse Núbia Brandão. Fato curioso, conforme a parlamentar, é que a empresa Sincol Construtora é a ganhadora de todas as licitações de obras no município.
Procurado pela reportagem, o prefeito do município de Brejões, Alan Andrade Santos, não foi localizado para prestar esclarecimentos.
Com informações do jornal Tribuna da Bahia
