Política

Com mais espaço, construtoras médias se tornam alvo no Rio

Publicado em 20/06/2017, às 06h24   Folhapress



De olho no vácuo deixando pelas grandes empreiteiras abatidas pela Operação Lava Jato, construtoras médias também estão no alvo das investigações no esquema de corrupção montado, segundo o Ministério Público Federal, pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
Ao menos 17 construtoras e empresas de engenharia médias ou pequenas constam em depoimentos e documentos obtidos ao longo da investigação.
A principal fonte das suspeitas são bilhetes apreendidos na casa de Luiz Carlos Bezerra e Wagner Jordão Garcia, responsáveis pelo recolhimento de propinas da quadrilha segundo as investigações. Os papéis eram usados para controlar o recebimento e distribuição da propina recolhida no esquema.
Uma das empresas que constam dos documentos, a FW Engenharia já foi alvo de denúncia do MPF. O diretor da empreiteira Flávio Werneck é acusado de repassar entre 2011 e 2013 R$ 1,3 milhões em propina para Cabral. Ela obteve na gestão do peemedebista R$ 303,6 milhões em contratos.
Após três anos de Lava Jato, as principais construtoras do país vêm sofrendo dificuldades financeiras. Empresas médias e pequenas do setor vêm se estruturando para ocupar parte do espaço deixado por essas empreiteiras.
O grupo chinês CCCC adquiriu no ano passado 80% da Concremat Engenharia, especializada em projetos e engenharia consultiva, com o objetivo de entrar com força no mercado nacional.
Tendo assinado R$ 110 milhões em contratos com a gestão Cabral, a Concremat aparece num dos bilhetes apreendidos com Garcia, ex-funcionário da Secretaria de Obras.
À Procuradoria Bezerra disse que ia ao apartamento de Maciste Granha de Mello Filho, sócio da Macadame, construtora que somou R$ 103 milhões em contratos na administração do peemedebista. Segundo Bezerra, os valores recolhidos com o empresário variavam de R$ 100 mil a R$ 200 mil.
A lista de empreiteiras citadas nos bilhetes e documentos inclui também a Dimensional Engenharia, que vem crescendo no Rio, e a JRO, do empresário Cláudio Vidal, amigo do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).
OUTRO LADO
A Concremat afirmou em nota "que jamais efetuou qualquer pagamento ilícito, desconhece o contexto em que seu nome foi apontado nas anotações e repudia qualquer insinuação de envolvimento em operações irregulares".
A FW Engenharia e a Dimensional afirmaram, via assessoria de imprensa, que não comentaria o caso. A Construtora Macadame e a JRO não retornou as ligações da reportagem. 

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