Política

Dono da Gol cita propina para campanha de Chalita

Publicado em 09/06/2017, às 07h05   Folhapress



A campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012 teria sido irrigada com dinheiro de propina do empresário Henrique Constantino, acionista da Gol Linhas Aéreas. Hoje no PDT, Chalita pertencia ao PMDB à época.
A afirmação foi feita pelo empresário aos procuradores das operações Sepsis e Cui Bono, que apuram um suposto esquema de pagamento de suborno de empresários interessados em ter acesso a dinheiro do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS).
Chalita teria recebido parte de um total de R$ 10 milhões que foi dividido entre políticos do PMDB. Não há registro de doações de empresas da família Constantino à campanha de Chalita, que perdeu a eleição para Fernando Haddad (PT).
Constantino negocia há meses um acordo de delação premiada, que ainda não foi aceito pelo Ministério Público Federal. Ele é investigado por suspeita de ter subornado políticos do PMDB para conseguir aporte do fundo a uma de suas empresas.
Após os pagamentos aos peemedebistas, a empresa Via Rondon, concessionária de rodovias que pertence à família Constantino, recebeu um empréstimo de R$ 300 milhões do FI-FGTS.
O PMDB controlava postos-chaves na Caixa Econômica Federal, que administra e libera dinheiro do fundo.
Segundo a investigação, Constantino fez contatos com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro para a liberação do aporte do fundo. Ambos estão presos na Operação Lava Jato.
Chalita também é citado em outra delação. O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse, em depoimento, que recebeu pedido de propina do presidente Michel Temer para financiar a campanha de Chalita, em 2012. O valor acertado entre ambos, segundo Machado, foi de R$ 1,5 milhão. O pagamento teria saído dos cofres da empreiteira Queiroz Galvão. Temer, na ocasião, disse que as informações de Machado eram inverídicas.
O suposto pagamento de suborno por parte de Constantino já foi alvo da delação do ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fabio Cleto, indicado ao cargo pelo grupo de Cunha, que admitiu ter recebido propina para ajudar o empresário a conseguir dinheiro do fundo.
Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, preso nessa terça (6), também foi citado na proposta de delação de Constantino. O empresário teria relatado que Alves participou com Cunha e Funaro de uma conversa onde teriam acertado propina para o PMDB relacionada à liberação do dinheiro do FI-FGTS.
PERGUNTAS DE CUNHA
Na sexta (3) Cunha protocolou na 10ª Vara Federal de Brasília 22 perguntas ao presidente Michel Temer no âmbito do processo em que é acusado de cobrar propina de empresários em troca de liberação de dinheiro do FI-FGTS. Entre elas, há questionamentos sobre doação à campanha de Gabriel Chalita, em 2012. Também citou a demanda de Constantino no FI-FGTS.
"Vossa Excelência conhece Henrique Constantino? Esteve alguma vez com ele? Qual foi o tema? Tinha a ver com algum assunto ligado ao financiamento do FI-FGTS?", perguntou no item 16.
Em seguida, Cunha diz que "a denúncia (da Operação Cui Bono?) trata da suspeita do recebimento de vantagens indevidas" e lista várias empresas, entre elas a BR Vias, braço rodoviário das empresas da família Constantino que controla a Via Rondon.
Cunha pergunta então se Temer "tem conhecimento, como presidente do PMDB até 2016, se essas empresas fizeram doações a campanhas do PMDB? Se sim, de que forma?". Pergunta em seguida se "alguma delas fez doação para a campanha de Gabriel Chalita em 2012?". E arremata: "se positiva a resposta, houve a sua participação? Estava vinculada à liberação desses recursos da Caixa no FI-FGTS?"
OUTRO LADO
Gabriel Chalita disse que "os recursos da campanha da eleição municipal de São Paulo de prefeito, vice e vereadores vieram do PMDB nacional, que se responsabilizou pela arrecadação". Ele acrescentou que "a pequena parte arrecadada pelo comitê de campanha foi devidamente registrada no TRE e todas as contas foram aprovadas pelo TRE de São Paulo".
A defesa de Eduardo Cunha disse que "a respeito desses fatos irá se manifestar apenas em juízo". O advogado de Lúcio Funaro disse que o cliente não tem nada a declarar. Henrique Constantino disse, em nota, que "está à disposição das autoridades para o total esclarecimento dos fatos".

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