Política

Lula: delator diz que Odebrecht usou notas frias em sítio

Publicado em 14/04/2017, às 08h11   Redação Bocão News


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O ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, afirmou em delação premiada, que ele e o advogado Roberto Teixeira, compadre de Luiz Inácio Lula da Silva, combinaram de forjar notas fiscais das obras feitas no sítio frequentado pelo ex-presidente em Atibaia (SP).
Em 2010 a Odebrecht fez reformas na propriedade que, no papel, pertence a Fernando Bittar e Jonas Suassuna, amigos de Fábio Luiz Lula da Silva, filho de Lula. O ex-presidente e a família usam o sítio, que é alvo de investigação na Lava Jato.
De acordo com Alencar, em março de 2011 Teixeira ligou para o delator pedindo que fosse até seu escritório, querendo "formalizar" as obras realizadas no sítio Santa Bárbara, executadas e custeadas pela Odebrecht.
"Fui lá e ele estava preocupado, digamos, como é que poderia aparecer essa obra sem um vínculo com os proprietários do sítio. Então nós marcamos uma reunião uma semana, dez dias depois. Fui eu e o engenheiro [da Odebrecht] Emir conversar com ele. E ele estava preocupado, claramente preocupado", contou Alencar.
De acordo com o delator, foi então que Teixeira fez o pedido para que se forjasse a documentação. "Ele falou: a obra terminou... a obra de Atibaia, o sítio de Atibaia, porque o sítio é do Fernando Bittar e nós precisamos, como se diz, formalizar a obra."
Ainda segundo Alencar, a resolução foi emitir notas fiscais frias das obras, que haviam terminado dois meses antes. "Isso foi feito com notas fiscais através... que o Emir conseguiu falar com o Carlos Rodrigues Prado [empreiteiro subcontratado para a obra] para fazer uma nota fiscal mostrando que foi pago pelo Fernando Bittar", explicou.
O delator contou ainda que os documentos foram entregues pelo engenheiro Emir a Teixeira. A reforma toda tinha sido orçada em R$ 500 mil, mas no final a empreiteira gastou por volta de R$ 1 milhão.
A obra, segundo Alencar, foi um agrado ao ex-presidente. "A pessoa te pede. É um valor, digamos, nenhuma coisa absurda. É um agrado a se fazer a uma pessoa que teve essa relação toda com o grupo durante esse tempo todo. É uma retribuição, sem dúvida nenhuma."
A Odebrecht começou a fazer a reforma do sítio após um pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia na festa de aniversário de Lula, em 2010, em Brasília. Alencar e Emílio Odebrecht foram até a capital na ocasião para entregar dois presentes a Lula: um livro que a empreiteira patrocinou sobre Dona Lindu, mãe do ex-presidente, e uma maquete do estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste de São Paulo.
Por meio de nota, a assessoria de Lula afirmou que o sítio de Atibaia não é do ex-presidente. Segundo o comunicado, os proprietários provaram com documentos tanto a propriedade quanto a origem lícita dos recursos utilizados na compra do sítio de Atibaia. "Não comentaremos delações feitas para a obtenção de benefícios judiciais." 

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