Política

Lula prometeu a Odebrecht não alterar setor petroquímico, diz delator

Publicado em 13/04/2017, às 08h31   Folhapress



 Em depoimento ao Ministério Público Federal, Emilio Odebrecht afirmou que, depois de cobrar Luiz Inácio Lula da Silva em 2001, o petista assegurou que não tomaria ações em direção à estatização do setor petroquímico caso chegasse ao Planalto. 
"Em um determinado momento eu me posicionei: 'chefe, gostaria de ver se temos um alinhamento pleno com referência a esse negócio da petroquímica'. Ele foi muito enfático: 'Você me conhece, não precisava nem fazer essa pergunta que eu não sou de estatizar'." 
A conversa aconteceu quando Lula já se colocava como candidato à sucessão de Fernando Henrique Cardoso no Planalto. Ele acabou vitorioso na disputa do ano seguinte. 
O depoimento foi prestado por Emilio em dezembro de 2016, no âmbito da Operação Lava Jato. As falas foram remetidas pelo ministro relator Edson Fachin a instâncias inferiores. 
Em sua fala, Emilio diz ter relatado ao petista que a posição era "fundamental" para a empresa, que tinha interesse em investir no setor. 
"Eu vou na sua confiança, mas sua estrutura não é assim que pensa", relatou Emilio. "Quem manda sou eu", teria respondido Lula. 
Emilio relata, então, ter dito a diretores da Odebrecht que, se houvesse um "revertério" na posição de Lula, a organização não daria "um tostão de ajuda" financeira a Lula. "Institucionalmente eu não dou nada ao candidato", disse ter ameaçado. 
CARTA 
O patriarca afirmou também, por escrito, que em 2001 e 2002 organizou uma série de encontros com empresários para apresentar Lula. "Havia uma grande desconfiança acerca de como seria um eventual governo do PT." 
Ele relata ainda que a Carta ao Povo Brasileiro -documento assinado por Lula em 2002 para acalmar o mercado- é um "exemplo exato do tipo de apoio não financeiro que dávamos ao ex-presidente". "Essa carta tem muita contribuição nossa", escreve. 

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