Política

Desdobramento da Operação Calicute mira em mais um operador de Sérgio Cabral

Publicado em 02/02/2017, às 06h06   Folhapress



A Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram, na manhã desta quinta (2), um desdobramento da Operação Calicute, o braço fluminense da Operação Lava Jato.
Batizada de Operação Mascate, a força-tarefa cumpre o pedido de prisão de Ary Ferreira da Costa, que segundo a investigação é um dos operadores de pagamentos de propina ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Há outros dez mandados de busca e apreensão solicitados pelo juiz Marcelo Bretas, o mesmo que decretou a prisão do peemedebista e de Eike Batista.
A primeira etapa da Calicute foi deflagrada em novembro, com a prisão de Cabral. Na semana passada, o desdobramento da operação -a Eficiência- resultou na prisão do empresário Eike Batista e de seu sócio, Flávio Godinho, além de outros operadores de Cabral.
COMO ERA O ESQUEMA
Ary Ferreira da Costa teria cooperado com um esquema de lavagem de ao menos R$ 10 milhões nos últimos oito anos, segundo a investigação.
A força-tarefa apurou que operador repassava parte do dinheiro ilícito para concessionárias de veículos de um mesmo grupo. As lojas devolviam os valores por meio de contratos fictícios entre consultorias de fachadas e as revendedoras de automóveis. Outra parte do dinheiro de propinas foi lavada com a compra de sete imóveis.
Aryzinho, como era conhecido, tinha papel semelhante aos atribuídos a Carlos Emanuel Miranda e Luiz Carlos Bezerra, operadores financeiros de Cabral.
Ele, contudo, contava com uma rede própria mais complexa de lavagem de dinheiro, segundo as investigações do Ministério Público Federal.
Ela envolvia concessionárias de automóveis –que já haviam sido alvo da Operação Calicute– e uma imobiliária. As investigações apontam para a lavagem de ao menos R$ 10 milhões em diversas operações ao longo de oito anos.
"O operador financeiro atuava repassando os valores supostamente ilícitos à concessionárias de veículos pertencentes ao mesmo grupo familiar. O dinheiro retornava através de contratos fictícios firmados entre consultorias de fachada e essas revendedoras de automóveis", afirmou a PF em nota.
O novo alvo é também a ligação com as atividades de Cabral fora do governo. Ary foi sócio da Creações Opção, empresa que repassou mais de R$ 600 mil à consultoria Objetiva, criada pelo ex-governador ao sair do governo.
Agente fazendário, Ary também é um elo entre o esquema Cabral e fraudes na concessão de benefícios fiscais pelo governo. Delação premiada do economista Adriano José Reis Martins, dono de uma das concessionárias alvo de investigações, apontou o operador como responsável por facilitar a concessão de isenções e perdão de multas tributárias.

A empresa Creações Opção, citado pelo Ministério Público na Operação Calicute, emitiu nota nesta segunda-feira (23) e explicou que após apresentar sua defesa, seus argumentos foram aceitos e a empresa sequer foi citada na sentença da operação.

Veja a nota na íntegra:

"A empresa CREACAO OPCAO é uma empresa familiar do ramo têxtil, com mais de quarenta anos no mercado, sem qualquer relação com a administração pública. A empresa pauta seus negócios dentro da mais absoluta lisura e respeito com seus funcionários, colaboradores e as instituições públicas e reguladoras, sendo hoje referência no município de Petrópolis, onde além de proporcionar centenas de empregos diretos e indiretos à população local, presta ainda relevantes serviços sociais, rechaçando assim, qualquer envolvimento nos fatos noticiados.

Quanto ao Contrato com a empresa OBJETIVA GESTÃO E COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA, do ex-Governador SERGIO CABRAL, este se deu mais de um ano após ele não ocupar mais cargo público algum, com normal prestação de serviços com resultados comprovados. Não tendo, portanto, tal negócio nenhuma vinculação ilícita, sendo certo que a OBJETIVA mantinha contratos nos mesmos moldes com muitas outras empresas.

Quanto ao Contrato com a empresa TRANSEXPERT – VIGILÂNCIA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA demonstrou-se, igualmente, a regularidade e licitude dos valores em custódia, originados de recolhimento de vendas nas diversas lojas que mantém nos Shoppings do Rio de Janeiro. Estes valores também eram recolhidos por outras empresas de valores nos mesmos moldes, já que a Empresa OPÇÃO trabalhava com várias empresas de transportes de valores, sendo a TRANEXPERT apenas uma delas. E tudo respaldado por Contratos e dentro das regras de mercado. 

Todo o exposto foi devidamente esclarecido junto a POLICIA FEDERAL, por depoimento e documentos acostados, e por tal razão o empresário GUSTAVO MOHAMMAD sequer foi denunciando ou mesmo indiciado pela Policia Federal, na denominada Operação CALICUTE ou qualquer outra.

Foram feitas duas AUDITORIAS por empresa especializada e conceituada no mercado, a LMPG AUDITORES E CONSULTORES, que atestou a regularidade e licitude dos negócios mantidos com ambas as empresas, TRANSEXPERT e OBJETIVA.

Em anexo a esta consulta juntamos nossa petição esclarecendo os fatos junto a Policia Federal, o Relatório Final da Policia Federal, Denúncia e recente Sentença da Operação CALICUTE,  além de CERTIDÕES NEGATIVAS DA POLICIA FEDERAL E DA JUSTIÇA FEDERAL, ambas NADA CONSTA, demonstrando que  GUSTAVO MOHAMMAD não foi indiciado, denunciado ou sequer citado na Sentença final já prolatada, sendo que eventuais notícias que possam surgir não condizem com a verdade e causam sérios problemas de imagem e na reputação ilibada da empresa e seus sócios.

Att,

Carlo Huberth Luchione
Adv. OAB/RJ"

Classificação Indicativa: Livre

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