Política

Sérgio Cabral e a mulher fizeram 13 voos em jatos de Eike Batista

Publicado em 08/01/2017, às 08h12   Folhapress



O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo voaram, juntos ou separados, ao menos 13 vezes em jatos do empresário Eike Batista.
A utilização dos jatos para o exterior aparece no Sistema de Tráfego Internacional da Polícia Federal como parte da investigação da Operação Calicute, que prendeu o casal sob acusação de obter propina em obras no Estado.
Os aviões de matrículas PR-OGX e PR-AVX, à época de empresas de Eike, foram usados para realizar sete viagens, sendo duas oficiais e cinco a lazer, entre 2009 e 2011. Até então, sabia-se dos empréstimos em apenas três ocasiões –ou seis voos.
Eike declarou, por meio de nota, que "colocou seu avião à disposição do ex-governador". Procuradas, as defesas de Cabral e Ancelmo não se manifestaram.
Os dados da Polícia Federal mostram que o primeiro empréstimo ocorreu em julho de 2009. O casal utilizou jato de Eike para retornar de uma viagem a turismo. Cabral havia embarcado nove dias antes para Miami –o sistema da PF não mostra a origem do voo.
Dois meses depois, aeronave do empresário voltou a ser usada por Cabral, junto com outras autoridades, na já conhecida viagem oficial a Copenhague para a sessão do Comitê Olímpico Internacional que escolheu o Rio como sede da Olimpíada de 2016.
Em 2010, Eike disponibilizou o jato para levar o peemedebista para Nova York, onde participou de eventos oficiais com investidores.
A terceira viagem já havia sido divulgada, mas nunca confirmada pelo empresário ou Cabral. Em 4 de dezembro de 2010, Ancelmo foi para as Bahamas –Cabral foi no dia 8. O casal retornou no dia 12.
O jato de Eike seria reutilizado em 8 de fevereiro de 2011. O sistema da PF não informa o destino, mas um site de fotos de aeronaves registrou seu pouso em Barcelona. Eles retornaram no dia 13.
Em 15 de abril de 2011, a ex-primeira-dama voltou a embarcar sozinha no jato de Eike para o exterior. Cabral faria o mesmo três dias depois. Os dois voltaram juntos da viagem a lazer no dia 24.
O último empréstimo ocorreu em junho de 2011. Teve como destino Porto Seguro (BA), para o aniversário de Fernando Cavendish, dono da Delta. O acidente de helicóptero que matou sete pessoas que acompanhavam Cabral revelou e interrompeu o uso particular dos jatos do empresário pelo ex-governador.
Eike foi citado na Operação Calicute por ter repassado R$ 1 milhão ao escritório de advocacia de Ancelmo, usado para lavar propina segundo o Ministério Público Federal.
Em depoimento espontâneo aos procuradores, Eike disse que o repasse se refere à prestação de serviço de projeto imobiliário de sua empresa REX, junto com a Caixa Econômica Federal.
"À ocasião [dos empréstimos], o empresário não tinha contrato de prestação de serviço nem recebia pagamentos do Estado. Pelo contrário, usava recursos próprios para patrocinar atividades típicas do poder público, como as Olimpíadas, a implementação das UPPs, despoluição da Lagoa e auxílio a projetos culturais e sociais", afirmou em nota a assessoria de Eike.

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