Política

Sobre secretário, coordenador, foro, moro e Jaques Wagner

Publicado em 19/11/2016, às 13h16   Luiz Fernando Lima



A nomeação do ex-governador Jaques Wagner como coordenador do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social esperada para ser oficializada no próximo sábado (19) surpreendeu. Isso porque a modelagem estudada pelo Palácio de Ondina era de uma secretaria extraordinária.

O governador Rui Costa em sua reforma administrativa extinguiu duas secretarias e para criar uma nova teria que lidar com todo o desgaste que certamente iria ser provocado pela sedenta e motivada bancada de oposição na Assembleia Legislativa. Embora, a conta não fosse ficar tão alta, seriam criados no máximo três novos cargos, a exploração do assunto em tempos de crise não seria pouca.

A recusa pela secretaria foi, segundo fontes deste site, do próprio Wagner. Com isso, ganha o argumento de que não está “fugindo” de juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução da Operação Lava Jato na primeira instância. Ao ser nomeado coordenador, sem prerrogativa do foro privilegiado, Wagner desconstruiu alguns discursos que já vinham sendo empregados em plenário e em veículos de comunicação.

No entanto, nem tudo é demonstração de despreocupação, como alerta um deputado de oposição. De acordo com este parlamentar, é sabido pelo ex-governador e pelo atual que poderia haver reação e contestações da nomeação caso fosse confirmada uma secretaria. Ou seja, poderia acontecer com Wagner o que aconteceu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O imbróglio e exposição pública não interessa ao governo neste momento.

A saída para que o ex-ministro de Dilma embarcasse oficialmente na gestão foi a anunciada. Neste sentido, a expectativa é que Wagner tão logo assuma sente-se com setores governistas e empresariais para tratar do que interessa: dois anos restantes de gestão e 2018. Em um cenário “ideal” a tendência é que haja uma acomodação da base no médio prazo.

O problema fica por conta da própria Lava Jato que não perdeu fôlego até o momento e promete arrastar muita gente para seu espiral. A despeito de ser indiciado, Wagner é cacique petista e o desgaste, ainda que não envolva a Justiça, é real. Portanto, a tarefa não é simples. Ato contínuo, ainda há a realidade econômica que impõe dificuldades incontestes.

Neste embolo é que Wagner assume. Um petista com trânsito em Brasília lembra que Rui foi, ao menos, mais rápido que Dilma. A ex-presidente demorou de mexer na articulação política e quando o ex-governador da Bahia chegou pouco pode ser feito. Por aqui, os aliados acreditam que ainda há tempo para mudar a direção do vento. Atualmente, as velas apontam para mudança de grupo político, mas a “volta do timoneiro” pode manter a nau no rumo desejado para os petistas.

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Publicada no dia 18 de novembro de 2016, às 16h

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