Política

Não houve exibicionismo na Lava Jato, diz presidente da ANPR

Publicado em 25/09/2016, às 07h26   Redação Bocão News



A denúncia dos procuradores da Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aceita pelo juiz Sérgio Moro, colocou o Ministério Público Federal sob ataque. As críticas ao trabalho da força-tarefa partiram não só da tropa de choque petista mas de personagens da política nacional como o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que recomendou aos investigadores acabar com o “exibicionismo” e separar o “joio do trigo”. 
Em entrevista a revista Isoté, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, defendeu os colegas de Curitiba, classificou como “infelizes” as declarações de Renan e explica a dificuldade de encontrar a digital do mandante em crimes corrupção. 
“Não tenho como não dizer que o presidente do Senado foi infeliz nas suas declarações. Não houve exibicionismo algum. O Ministério Público Federal estava lá impessoal. Além disso, o presidente Renan foi rebatido, algumas horas depois, pelos fatos, quando a denúncia foi recebida, mostrando que o trabalho do MPF foi feito de maneira correta. É bom lembrar que, para denúncia, você tem de ter um grau de convicções e provas que é diferenciado em relação à condenação. Isso é outra história”, disse para revista. 
E continua: “no curso do processo, os acusados vão ter ampla defesa. Na Lava Jato não houve em momento algum exibicionismo. A ANPR acompanha todos os casos de representações feitos contra colegas. Até hoje, apenas a defesa de Lula representou contra os colegas da Lava Jato. E perdeu todas as vezes. Porque usam a tática agressiva de atacar os acusadores em vez de se defenderem dos fatos. Com todo respeito ao presidente Renan Calheiros, ele está profundamente equivocado”.
Ainda na oportunidade, Cavalcanti comentou sobre a acusação do MPF de não ter uma prova “cabal” e apenas “convicções” para levar o ex-presidente Lula à condição de réu. “A denúncia cita uma série de conjuntos de indícios. Por isso é que tinham aquelas famosas bolinhas do Powerpoint do meu colega Dallagnol. Cada bolinha daquela é um conjunto de indícios que são demonstrados na denúncia. No caso do mandante de uma organização criminosa, raramente você vai ter uma prova material contra ele. Você só vai ter isso dos escalões mais baixos da quadrilha. Estes, muitas vezes, só conhecem o intermediário. E, no máximo, só os intermediários têm contato com o chefe da quadrilha. Isso é o normal numa organização criminosa. Portanto, condenar a pessoa que está no mais alto escalão de uma organização criminosa, na enorme maioria das vezes, só se pode fazer com provas indiciárias. Ou seja, com testemunhas, circunstâncias que mostram que aquelas pessoas eram ligadas a ela, que aquelas pessoas, naquelas circunstâncias estavam obedecendo a ela”.
Publicada no dia 24 de setembro de 2016, às 15h50

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