Política

Cerveró relatou propinas de mais de meio bilhão de reais desde governo FHC

Publicado em 06/06/2016, às 08h11   Redação Bocão News (@bocaonews)


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O ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró apontou o pagamento de pelo menos R$ 564,1 milhões em propina envolvendo negócios da estatal e de uma de suas subsidiárias, a BR Distribuidora. Segundo o jornal O Globo, na delação do ex-dirgiente, 11 políticos são nominalmente citados como beneficiários dos desvios. Os detalhes estão na delação premiada de Cerveró, que está colaborando com a Justiça em troca de redução da pena. 

Individualmente, o valor mais alto se refere à aquisição pela Petrobras, em 2002, da empresa petrolífera argentina Pérez Companc. Segundo ele, o negócio rendeu US$ 100 milhões em propina para integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 2007, outro negócio relativo à Pérez Companc voltaria a render propina, segundo Cerveró. Foi durante a venda da Transener, principal linha de energia que liga a Argentina de norte a sul e que era da Pérez Companc. Em 2003, Nestor Kirchner assumiu a Presidência da Argentina e, segundo Cerveró, fez pressão para a Petrobras vender a Transener. O negócio foi fechado com um amigo de um ministro da administração Kirchner e rendeu pelo menos US$ 300 mil (R$ 1,06 milhão) para Cerveró e outros US$ 300 mil para o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, mais conhecido como Fernando Baiano. Mas, segundo o próprio Cerveró, a maior parte da propina ficou na Argentina.

De acordo com o ex-diretor da Petrobras, a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, rendeu US$ 15 milhões (R$ 53,1 milhões) em propina para o ex-senador Delcídio Amaral, Fernando Baiano e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, entre outros. Mais R$ 4 milhões foram pagos a Delcídio em razão da reforma da refinaria. A aquisição de sondas também levou ao pagamento de pelo menos US$ 24 milhões (R$ 84,96 milhões) em propina. Cerveró apontou como beneficiários o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e Delcídio, entre outros.

Segundo Cerveró, a compra de blocos de petróleo em Angola gerou propinas de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões para a campanha presidencial do PT de 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva era candidato à reeleição. O ex-diretor da Petrobras disse que obteve essa informação de Manoel Vicente, presidente da Sonangol, empresa estatal de petróleo de Angola. As negociações do lado brasileiro teriam sido conduzidas pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

Cerveró citou ainda várias propinas para Fernando Collor envolvendo negócios da BR Distribuidora. Seriam pelo menos R$ 26 milhões. Em algumas das negociações, porém, não há informação de valores. Ele também falou de propina, mas sem entrar em detalhes, para a campanha de alguns petistas, como Jaques Wagner, em 2006.

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