Política

Promessa de cargos e recursos motivou presença de deputados, diz especialista

Publicado em 18/04/2016, às 08h33   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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O professor de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Jorge Almeida, disse que a presença maciça de deputados na votação na Câmara, que aprovou a abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) neste domingo (17), foi fruto da “cooptação”, distribuição de recursos e de cargos.

A ausência de parlamentes iria favorecer o governo, mas aliados da petista não conseguiram evitar a ida de deputados para votar. “Foi um processo muito rebaixado do ponto de vista político. O Congresso virou uma feira de varejo. Grande parte dos votos foi fruto de interesses particulares”, analisou Almeida, em entrevista à Agência Brasil.

Para o professor, o prosseguimento do processo foi viabilizado porque, além da crise econômica e das denúncias de corrupção, Dilma negou todas as promessas de campanha que foram feitas, o que levou à perda de legitimidade política do mandato. “Isso, considerando a legislação brasileira, não é elemento para gerar impeachment, mas é um elemento importante para compreender a situação política”, ressaltou.

Segundo o professor da Ufba, tudo indica que a decisão da Câmara será seguida pelo Senado, o que implica colocar no poder outro presidente sem legitimidade. “O que vai implicar que o [vice-presidente] Michel Temer vai assumir a Presidência da República. Isso não vai resolver nenhum problema nacional porque Temer, além do questionamento sobre a legalidade do mandato, incorre nos mesmos problemas de Dilma", destacou.

“Se houve perda de legitimidade de Dilma por não ter cumprido as promessas, Temer nunca teve essa legitimidade. O Brasil vai entrar em um período complicado”, afirmou Almeida, acrescentando que o governo Dilma não trouxe conquistas concretas e que há o risco de retrocessos maiores em termos de conquistas históricas de trabalhadores.

O cientista político sugeriu ainda uma reforma política que possibilite a destituição do presidente da República. “Já houve um ataque à democracia. A legislação tem uma falha porque não traz a possibilidade de destituição do presidente por vontade popular, por plebiscito”, pontuou.

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