Política

Operação Zelotes: réus dizem estar sendo criminalizados por lobby

Publicado em 26/01/2016, às 07h37   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



Os advogados dos réus da Operação Zelotes afirmaram, em audiência na manhã de segunda-feira (25), na 10ª Vara Federal de Brasília, que estão sendo processados porque atuaram como lobistas, atividade não regulamentada no país. A série de depoimentos deve ouvir ao todo 17 pessoas, incluindo Gilberto Carvalho, ex-chefe do gabinete pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministro no governo Dilma Rousseff, conforme informações da Folha de S. Paulo.

Em novembro, o Ministério Público Federal acusou 16 pessoas por corrupção e lavagem de dinheiro por suposta “compra” de medidas provisórias para o setor automotivo. A denúncia inclui representantes da Mitsubishi e Hyundai. Dos acusados, seis estão na Penitenciária da Papuda. Os procuradores da República pediram reparação de R$ 879 milhões.

Arrolada como informante pela defesa do lobista Alexandre Paes dos Santos, a sua mulher, M aura Lúcia Montella de Carvalho classificou o processo movido pelo Ministério Público de “desserviço” e “agressão”. Ela afirmou que “os lobistas são profissionais altamente especializados” e que “o lobby faz parte da economia, é uma das condições, uma das estruturas do mercado”.

A mulher de Santos argumentou que os contratos assinados por lobistas têm “cifras muito altas” porque a intenção é “fidelizar aquele profissional”. “Ele [o lobista] trabalha um ano, mas fica mais 20 sem trabalhar para os concorrentes. Ele ganha pelo seu trabalho e pelo seu não trabalho”, argumentou Maura Lúcia.

Chamado pela defesa de Francisco Mirto Florêncio da Silva, o jornalista Vicente Alessi Filho afirmou que o réu exerceu em Brasília, ao menos entre as décadas de 80 e 90, o trabalho de “lobby legítimo” em prol da Anfavea de São Paulo, associação que representa a indústria automotiva.

Alessi Filho foi assessor de imprensa da Anfavea entre 1987 e 1988. O objetivo de Mirto ao intimá-lo foi falar sobre seu comportamento passado, mas Alessi Filho reconheceu à reportagem, em entrevista após o depoimento, que nada sabe sobre os fatos investigados na ação.

Segundo Alessi Filho, Mirto “fazia o lobby da indústria automobilística”, assim como todos os 16 vice-presidentes da Anfavea, incluindo Mauro Marcondes, outro acusado na mesma ação penal. Mauro Marcondes afirmou, no corredor da Justiça Federal, que o lobby está sendo “criminalizado” e isso seria “um desserviço ao Brasil”.

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