Política

Documentos comprovam ligação entre Tarcízio Pimenta e Banco Subaé

Publicado em 04/04/2011, às 21h44   Luiz Fernando Lima



Os vereadores de oposição da Câmara Municipal de Feira de Santana convidaram a imprensa na tarde desta segunda-feira (4) para apresentar diversos documentos que, segundo eles, atestam a relação entre o prefeito da cidade Tarcízio Pimenta (DEM), o seu motorista e funcionário nomeado por ele no gabinete do vice-prefeito da cidade, Marcos Paulo e operações bancárias escusas que teriam ocorrido na Cooperativa de Crédito Rural do Vale do Subaé.

Entre os documentos reunidos pelos legisladores da cidade, dois apresentam informações que, se comprovadas, colocam o prefeito na berlinda de vez. Num primeiro momento, os vereadores descobriram que Marcos Paulo movimentou cerca de R$ 1.6 milhão na cooperativa quando esta já estava sob intervenção.

Seguindo as investigações, o vereador Roberto Tourinho (PSB) diz que foram encontrados documentos nos quais Marcos Paulo conseguiu um empréstimo no Banco Subaé no valor de R$ 270 mil. “A primeira questão é: como uma pessoa que tem a renda de menos de R$ 1 mil consegue um empréstimo para pagar R$ 15 mil por mês. Depois, descobrimos que o avalista de Marcos foi o próprio prefeito Tarcízio”, ressaltou.
Tourinho destaca que nas pastas de registro de Marcos Paulo no Banco Subaé o único documento encontrado foi o cartão de autografo dele. “Este dinheiro foi tomado no dia 30 de junho de 2009 para ser quitado no dia 03 de janeiro de 2011, mas conseguiram fazer a quitação no dia 11 de novembro de 2009”, afirmou.

De acordo com a denúncia, em um determinado momento, todos os dados de Marcos Paulo foram deletados do Banco. “Então, no lugar dele aparece um senhor chamado Autair Silva de Oliveira. Mas o CPF do Autair é o mesmo CPF do Marcos, o endereço também é o mesmo e o Autair também é qualificado como servidor municipal. Aqui, de antemão, lanço o desafio: se alguém conseguir localizar este cidadão ganha um prêmio, porque ele não existe”, ironizou.

O vereador revela que a conta aberta por "Autair"  no Banco Subaé já começa com R$ 1 milhão. “Com o CPF do Marcos Paulo, que antes era tratado como motorista e depois aparece como empresário. Ai vem o fato mais grave: o Autair quando faz a ficha no banco, coloca o nome de Marcos Paulo para o talionário”.

Conta fantasma

Outra denúncia grave ficou por conta do vereador Frei Cal (PMDB). De acordo com ele, o presidente do Conselho do Banco Subaé, Lourival Nunes de Araújo autorizou que o resgate de todos os títulos de capitalização (Ourocap- do Banco do Brasil) realizados em nome da cooperativa – até o limite de R$ 1.120 milhão - fossem depositados em outra conta corrente. Esta, uma conta da prefeitura de Feira de Santana.

“Isto quer dizer que o dinheiro daqueles produtores, pequenos e médio, foi utilizado para uma capitalização e deveria voltar para ser ‘rateado’ (divididos) entre eles, no entanto, volta diretamente para a conta da prefeitura. Esta é uma situação gravíssima”, avaliou o peemedebista.

Entretanto, no mesmo documento há a afirmação de que o resgate e a transferência deste valor não se realizaram até a troca de administração da Cooperativa em 22 de novembro de 2009. O que, para os denunciantes, não muda o fato de que havia ali a intenção do ilícito. “Eu quero entender como é que se pega o dinheiro dos cooperados e manda para uma conta, não contabilizada, da prefeitura” arrematou Tourinho.

Desapropriação

Na noite do último domingo (3), a Secretario de Comunicação de Feira de Santana (Secom) publicou uma nota no site oficial explicando a desapropriação de um terreno, que aconteceu há dois anos, em regime de urgência

Confira um trecho da nota oficial:

Atendendo a expectativa do servidor público municipal, a Prefeitura de Feira de Santana desapropriou área para a construção de casas populares para atender a categoria. A área foi adquirida pela Prefeitura no bairro Subaé, através de processo de desapropriação. A medida tem base legal no artigo 2º, inciso V, da Lei 4.132 de 10 de setembro de 1962.

Medindo 43.560,00 m2, a área - Loteamento Vale do Subaé – conta com 160 lotes e era de propriedade da firma M.S.A. Incorporadora de Imóveis e Imobiliária Ltda. O valor pago a título de indenização foi de R$ 751.410,00, correspondente ao valor de cada lote, R$ 4.696,31.”


Os vereadores presentes na coletiva afirmam que faltou no texto publicado pela Secom ‘alguns detalhes’. De acordo com Frei Cal, um documento entregue aos denunciantes, tem a seguinte informação:

 “Em 25 de novembro de 2009, numa operação triangular a prefeitura resgatou uma aplicação, que estava congelada por força de uma Assembleia Geral, sacou de sua conta corrente o valor de R$ 751.410 e depositou na conta da MAS Incorporadora de Imóveis e Imobiliária, em pagamento de suposta desapropriação de terras.

Como detalhe, um dos sócios da MSA é a Sra. Mirela Silva Araújo, filha do ex-presidente Lourival Nunes Araújo”, revelou Frei.

Já Tourinho lembrou que o prefeito Tarcízio Pimenta mandou para a Câmara um projeto de lei alterando aquela área, que era industrial para residencial. “Uma construtora de amigo muito próximo do prefeito havia adquirido aquela área, mas não podia fazer loteamento naquela localidade, mas com a operação resolveu a vida de todo mundo”, disse.

Cheques nominais

Coube ao vereador Marialvo Barreto (PT) denunciar o caso em que um conjunto de cheques aparecem após a comissão gestora da cooperativa ter suspendido o talonário. “Mesmo depois da suspensão  uma dezena de cheques administrativos assinados, supostamente, por  Lourival Nunes de Araújo é emitida  em nome do senhor prefeito Tarcízio Pimenta”, aponta.

De acordo com o petista, os bancos não aceitaram os cheques porque os funcionários descobriram que o talonário estava sustado. “Não se sabe as razões que levaram ao banco Subaé emitir cheques em nome do prefeito. Será ele (Tarcízio) tinha conta na cooperativa. O total dos cheques emitidos chega a R$ 1.763.740. Quase que davam um golpe nos bancos do Brasil e Itaú. O que nos estranha é o prefeito do município tentar depositar estes cheques na conta”, denunciou.
Ação

Os quatro vereadores – Roberto Tourinho (PSB), Angelo Almeida (PT), Marialvo Barreto (PT) e Frei Cal (PMDB) – prometem que vão entrar com ações ainda esta semana no Ministério Público Federal e Estadual, além de outras instâncias cabíveis.

Fotos: Roberto Viana // Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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