Polícia

'Passarela do Medo': Estudantes denunciam costantes assaltos e momentos de terror

Reprodução/Record TV Itapoan
Estudante relatou quase ter sido baleado enquanto caminhava por passarela  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Record TV Itapoan
Sanny Santana

por Sanny Santana

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Publicado em 26/05/2023, às 13h45



As passarelas que atravessam a Avenida Paralela já começaram a virar sinônimo de "medo" para os transeuntes, especialmente para os estudantes que precisam toda semana passar por elas para poderem chegar à faculdade ou em casa. Sofrem os estudantes da UniJorge, universidade localizada na Paralela, nas proximidades do Trobogy.

São constantes as denúncias sobre assaltos tanto na passarela que dá acesso ao ponto de ônibus, como a que liga os estudantes ao metrô.

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Em contanto com o BNews, um universitário chegou a relatar momentos de terror pelos quais passou ao atravessar uma das passarelas. Hoje, passar pelo local se tornou um trauma.

Sem querer se identificar, o jovem de 20 anos, que estuda no período da manhã, já foi roubado duas vezes. Em um dos casos, ele foi ameaçado com um facão, já em outro, com uma arma de fogo.

"Nas duas vezes que fui assaltado levaram meu celular, mas o último, que foi com arma de fogo, ainda teve um agravante", ele inicia.

O estudante conta que foi abordado por um assaltante, que pegou seu celular e o deixou ir embora. O jovem, no entanto, enquanto seguia seu caminho após ser assaltado, sentiu o cano da arma em suas costas.

"Ainda perto de mim, ele apontou a arma em minhas costas para atirar. Não sei dizer se ele chegou a puxar o gatilho e falhou, mas quando dei por mim, eu corri e olhei para trás. Vi que ele estava tentando manusear a arma, tentando engatilhar", relata.

Na ocasião, o estudante tinha acabado de sair da aula e passava pela passarela que dava acesso a um ponto de ônibus próximo à faculdade. Por morar perto da unidade de ensino, parecia ser tranquilo seguir seu caminho a pé, mas desde o assalto, não conseguiu mais seguir o mesmo caminho.

"Já tentei passar por lá algumas vezes. Fui na 'marra'. Toda vez que eu chego próximo do local o coração acelera muito e o desespero bate (...) Com as ocorrências [de assaltos], eu estou pegando Uber ou carona com meu pai, ou o pessoal do prédio que moro, que estuda lá", conta.

Esse é apenas um dos diversos casos que existem nas passarelas próximas à universidade. A estudante de jornalismo de 18 anos, Lara Letícia Neves Cerqueira, que também realiza o curso na Unijorge, nunca foi assaltada na região, mas já passou por maus bocados pelo medo que toma conta dos transeuntes.

"Já teve um momento em que não fui assaltada, mas quase fui. Estávamos na passarela do metrô, para o lado do Alphaville, e tivemos que quase correr porque estava só a gente e um homem. Ele estava vindo em nossa direçao", conta a vítima ao BNews.

Questionada sobre o que ela faz para poder se proteger dos assaltos, ela apenas afimou "esconder o celular e pedir a Deus que nada aconteça, mas geralmente a gente vai em grupo".

"Me sinto negligenciada. Acho um total descaso para nossa segurança, não é de agora, já tem muito tempo isso. Muitos estudantes não tem renda assim, investem tudo que tem na faculdade. O pouco que tem, ainda ser levado, é complicado, principalmente estudantes de comunicação que andam para cima e para baixo com material caro", desabafou.

A estudante Rosa Waisman, de 21 anos, também estuda pela manhã e definiu a segurança na região da faculdade como "precária". "Nunca passei por nada, mas já ouvi relatos de colegas que foram assaltados por aqui", revelou.

Ela conta que a passarela que dá acesso ao ponto de ônibus é bastante deserta. "Mesmo sendo a mais rápida para mim, para chegar a faculdade eu prefiro ir de metrô. É mais seguro", contou.

Apesar de se sentir mais segura na passarela do metrô, o local também é deserto. "O caminho até o metrô também é bem deserto no período da tarde, a gente tenta ir em grupão e andando bem rápido. Quando a gente sai com equipamento é que o medo aumenta", relata.

Rosa acredita que levar mais seguranças nas proximidades da faculdade poderia ajudar os estudantes, mas, por enquanto, precisa encarar o medo. "Me sinto insegura, mas não tem o que fazer, a gente encara e aceita", desabafa a jovem.

O BNews entrou em contato com as polícias Civil e Militar. A Polícia Civil foi questionada sobre quantas denúncias de assalto pela região já foram feitas neste ano, mas a corporação não revelou os dados. Já a Polícia Militar declarou ter prendido um suspeito na última quarta-feira (24), após denúncia de roubo em uma das passarelas da região.

Classificação Indicativa: Livre

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